Louise Nakazawa - Médica Psiquiatra ou Mizume Ryu - Akashayana - A Força do Dragão protetor da Sangha, com a leveza e adaptabilidade da água, por vezes suave como o orvalho, por outras fortes feito temporal. Seu coração feminino - parte japonês -timido e delicado, teima em mascarar o fogo que queima silenciosamente em seu inegável sangue italiano...

As memórias daquela noite são tão vivas que, se pudesse pintá-las certamente seriam vermelhas!
Rodamos por um tempo conversando banalidades, trocando olhares e risinhos – me senti mais adolescente do que quando eu era uma! Até que chegamos ao deserto – eu não sabia o quanto a noite é fria no deserto; tiramos os sapatos e sentamos na beira da estrada, olhando as montanhas, o céu... o silencio era tão profundo que quase pude ouvir quando as borboletas chegaram... E elas vieram aos bandos...
Caminhamos descalços pela terra fria do deserto, até que chegamos a um tipo de ‘precipício’ e quando eu menos esperava o doido se atirou – simplesmente rolou barranco abaixo!Por um instante me assustei – desci correndo para levantá-lo do chão, mas ele estava bem. Rimos um pouco e eu o chamava de maluco quando pisei numa pedra e me desequilibrei - Aí ele me puxou – meu corpo junto ao seu; ouvia sua respiração pesada, seu cheiro forte, seu coração vibrando (ou seria o meu?)... Eu queria dizer alguma coisa, qualquer coisa, mas as palavras sumiram... Todos meus pensamentos estavam nele, todos meus sentidos só percebiam ele – tudo o que eu queria era aquele homem, de uma forma que nunca imaginei possível... Ele sentia o meu desejo tão claramente quanto eu pude sentir o seu... Era tudo tão forte, tão intenso... Sua mão forte segurando minha nuca, agarrando meu cabelo... Nada mais importava nada mais existia; só nós dois naquele deserto. De repente ele me puxou com força, sua boca na minha, beijava, mordia... Enquanto aquela mão na minha nuca rasgava meu vestido... E tudo explodiu... Acordando uma Louise que nem eu sabia existir, mas que o corpo dele conhecia tão bem...
Já amanhecia quando senti ‘os pés de volta ao chão’. Não havia restado muito para vestir – meu vestido era pedaços de seda vermelha, algumas no meu corpo, outras misturadas a terra, sangue e suor – Amarrei o que ainda restava e caminhamos de volta ao carro... em silêncio... Ele caminhava nu, com as roupas (o que restou) sobre o ombro. Quando chegamos ao carro de aluguel ele vestiu as calças e a camisa aberta – até porque não havia botões – e vendo minha ‘luta’ contra o vestido que mais mostrava do que cobria, ele riu e me alcançou seu paletó.
Eu sei que não devia, mas estava um tanto constrangida – ou talvez maravilhada, não sei definir, era tudo tão novo, mas de qualquer forma, não sabia bem o que dizer, então não disse nada – só olhava pra ele, não conseguia tirar os olhos dele... ‘agora eu que tô ficando tímido’ – ele disse – então conversamos um pouco, sem falar do que havia acontecido – até porque, nem se eu quisesse eu saberia explicar!
Quando chegamos no hotel, na porta do meu quarto ele perguntou se eu não ia lhe convidar pra entrar – na verdade ele disse algo do tipo ‘tá agora é a hora que tu me convida pra entrar’ – mas como estávamos com ‘crianças hospedes’, não foi assim que aconteceu! Nos beijamos e cada um foi pro seu quarto – Já era manhã e em breve nos encontraríamos de novo...
Mas na hora não pensei nisso. Nem sobre o dia seguinte, os outros, ou mesmo sobre nós. E se tudo tivesse acabado ali mesmo, já teria valido a pena...