Louise Nakazawa - Médica Psiquiatra ou Mizume Ryu - Akashayana - A Força do Dragão protetor da Sangha, com a leveza e adaptabilidade da água, por vezes suave como o orvalho, por outras fortes feito temporal. Seu coração feminino - parte japonês -timido e delicado, teima em mascarar o fogo que queima silenciosamente em seu inegável sangue italiano...

Hoje pela manhã tive o prazer de acordar antes de Michael e contemplar seu despertar... Tem sido assim nas últimas vezes que dormi em casa e não quero que seja diferente – percebi o quão tranqüilo e seguro ele se senti aqui e me alegrei com isto. Conversamos e foi dado um nome ao que estamos fazendo: “namorando”.
Quando Michael partiu, liguei para Isaac – foi uma sensação horrível ligar para alguém que nem se sabe se ainda está vivo... mas, para meu alívio ele está! Liguei para saber como entrar em contato com os licantrophos que nos auxiliaram no caso Terry, mas também queria ter notícias dele, é claro. Antes de ir para a Capela, parei no Central Park para contatar Alex (lupino), o que não foi muito difícil – fui até lá para pedir ajuda em nossa guerra, pois sei o quão bons aliados eles podem representar e conseguir tal ajuda também não foi difícil, uma vez que eles se sentem em débito comigo, embora eu não veja desta forma – no caso da menina eu só fiz o que meu coração julgou certo e na atual situação imagino que eles também podem correr riscos se tornando alvos da Sarah – O difícil será manter a harmonia de nosso grupo, pois alguns – especialmente o professor – terão dificuldade de entender o quão valorosa é esta ajuda...
Parei mais algumas vezes a caminho da capela, pois com a notícia da gravidez de Amanda precisei aumentar minha “lista de presentes”, além de fazer algumas alterações no presente dela (que envolvia café...) – comprei um quimono de seda bastante delicado como ela estará a partir de agora e algumas coisas para o bebê e seus pais (xale, sapatinhos e um livro sobre como lidar com esta novidade).

Hoje todas as tradições se reunirão para conversar sobre Sarah e decidir que linha de ação que tomaremos – nossa Cabala deverá comparecer na Capela Hermética ainda hoje à noite. O Sr. Gray já esteve com seus superiores e no próximo confronto contaremos com a ajuda de dois licantrophos (Alex e Jhony). Agora só nos resta esperar pela decisão de nossos superiores para agirmos novamente – desta vez, renovados pela esperança.

Isaac Voltou – e com ele o temporal em mim. No meio da tarde recebi um telefonema – era ele, pedindo minha ajuda – em poucos instantes eu estava lá, nem sei bem aonde e menos ainda com que propósito, mas Isaac havia me chamado e isso basta. Esperei alguns instantes até que uma mão tocou meu ombro – era ele – me conduzindo em silencio por lugares desconhecidos... hm, é até irônico o quanto isso faz sentido.
Falamos pouco no caminho, mas o suficiente; o lugar era a cena de um crime – um psicopata ou um ritual? A vítima foi um bebê, os pais haviam desaparecido, aparentemente fugiram assustados. Ao que tudo indica o bebe teve seus sentidos costurados por fios de ouro (olhos, ouvidos, nariz, boca, mãos) – havia bonecas mutiladas com o mesmo padrão em torno do berço. Não consegui perceber muito, mas ainda vou trabalhar nisso – Isaac pediu minha ajuda e a terá.
Ele me disse que retornará definitivamente assim que tiver solucionado este problema, mas me garantiu nos acompanhar na reunião de logo mais.
Retornei a capela e próximo ao horário de sairmos ele chegou - como havia me dito. É muito bom ter ele por perto, perturbador, mas bom. Amanda me chamou em particular e fui surpreendida pela notícia da destruição da capela tecnocrata da qual retornamos ontem – na qual Ms Won ficou.

Tive medo, muito medo de não conseguir encontra-lo, percebi que muitos na capela já o consideravam morto, mas algo me dizia que não, afinal, tratava-se do Ms. Won. Fui até o jardim onde costumávamos treinar, me posicionei, busquei a concentração necessária e com alguma dificuldade, causada pelo medo, estabeleci o contacto através da Santana – ele está bem – o alívio que senti foi indescritível. Permaneci ali, sozinha no jardim gelado, com minhas memórias e meus sentimentos até conseguir forças para enfrentar tudo o que viria ainda hoje.
Fomos à reunião. Preferi ir sozinha, de moto, apesar da neve – precisava correr um pouco, usar o frio para esfriar a cabeça e, além disso, ainda me perturba a idéia de ficar muito próxima a ele. Esperei por eles para entrar na capela hermética – lá cada um encontrou os membros de sua tradição – o que no meu caso se restringia ao Águia Azul, o meu Michael, meu refúgio, meu abrigo.
A reunião foi tranqüila e os resultados razoáveis. Amanda relatou tudo o que temos passado com Sarah e depois o prof. Oliver expôs seu plano: A armadilha – reuni em um mesmo local os mestres e membros mais graduados de todas as tradições e da tecnocracia, um tipo de “armadilha ofensiva”. A resposta ainda não nos foi dada, os líderes se reuniram e pediram um tempo para avaliar a proposta. Mesmo o tempo correndo contra nós, agora só nos resta esperar.
Voltamos à capela para, junto a Isaac, fazer a reestruturação do Pentagrama organizacional da capela. O pentagrama consiste em cinco elementos, cada um associado a uma diferente obrigação e, por meio de sorteio, o destino se encarrega de atribuir uma função para cada membro – este modelo será reestruturado a cada 6 meses.
A configuração atual - primeiro ciclo - ficou assim:




Ar – Líder de combate – Louise
Água – Líder político / Porta voz – Isaac
Terra – Manutenção da casa / suprimentos – Amanda
Fogo – Contatos / Agenda – J’J
Espírito – Defesa mágica da capela – Professor


Feito isso Isaac partiu. Os outros sugeriram que passássemos a noite do Natal na Capela (dia 25) e que fizéssemos um “amigo secreto” incluído o Sr. Gray e o Michael, que veio me buscar, pois achou perigoso eu sair de moto com a neve que caia.
Fomos à minha casa onde fui surpreendida pela falta de pudor de meus pais, que deixaram suas roupas espalhadas pela casa até o quarto onde, aparentemente estavam... bem, estavam lá. Eu me pergunto para que isso? Fiquei envergonhada por Michael e por mim mesma – para que evidenciar o fato? Ela parece fazer de propósito, para me provocar, me testar, sei lá – nunca a compreendi, não vai ser agora. Mas e meu pai, sempre tão discreto... Talvez pelo tardar da hora tenham acreditado que eu não voltaria hoje, é possível, prefiro pensar assim.
Dormi nos braços de Michael e o mundo pareceu tão tranqüilo, tão seguro...