Louise Nakazawa - Médica Psiquiatra ou Mizume Ryu - Akashayana - A Força do Dragão protetor da Sangha, com a leveza e adaptabilidade da água, por vezes suave como o orvalho, por outras fortes feito temporal. Seu coração feminino - parte japonês -timido e delicado, teima em mascarar o fogo que queima silenciosamente em seu inegável sangue italiano...



Liguei para meus pais de manhã – eles cantaram parabéns, cada um em seu idioma, foi lindo! Minha mãe percebeu algo em meu tom de vez, me achou triste – ele é boa nisso, mas não sei se é essa a palavra.Hoje quando acordei fui assistir o nascer do sol no deserto, sentada no chão, descalça, sozinha... foi um momento meu, como há tempos não tinha, e senti sim, algo diferente em mim, mas não tristeza... acho que mais ‘certeza’
É aquela velha história das coisas que nos cercam por tempos e negamos ver, mas que num belo dia de repente se tornam tão obvias que já não se pode mais ignorá-las...

É assim que me sinto desde que deixei Michael em NY; embora naquele momento nós não entendêssemos, sentíamos algo no ar... Só Ms Won sabia exatamente o que estava para acontecer... Por isso ontem à noite pedi sua ajuda para encontrar Michael no Shen.

Quando nos encontramos a energia que senti era confusa... havia carinho, mas também havia tristeza, um certo ‘saudosismo’, como se estivéssemos muito distantes, não só fisicamente. Eu disse a ele como me sentia... disse que esta ‘separação’ representava algo muito maior, não só uma viagem da qual ele não pode participar, embora quisesse, devido a sua responsabilidade com a Irmandade, mas um modelo do que sempre vai acontecer...
Nós sempre teremos que ficar em segundo plano, nós, nossos planos pessoais, porque sempre haverá algo mais importante... Ele disse que ‘sempre temos uma opção, desde que se esteja preparado para pagar o preço’ – embora nós dois soubéssemos que a vida de outras pessoas em risco é um preço muito alto, algo que não se pode arriscar – Eu disse a ele que é inevitável que depois de certo tempo, a gente passe a esperar por certas coisas e a fazer planos... só que conosco isso parece tão inviável...

Por um momento ele pareceu não querer ouvir além das palavras, ou enxergar além dos fatos e disse que podíamos acertar certas coisas quando eu voltasse... Fiquei confusa com isso e a conversa acabou assim... triste, especialmente por ser a mais íntima que já tivemos.

Conversei com Mestre Won sobre isso e ele parecia ciente e tranqüilo com tudo isso – Ele me falou sobre a inevitabilidade das coisas... disse que eu tinha que fazer esta viagem sozinha, sem Michael, e por isso teve que interferir, pois Michael fingia não perceber – disse que nós dois precisávamos deixar o caminho nos levar - Em outra vida, Michael teve a mesma oportunidade e fez a escolha errada e por isso muitos morreram – era seu karma – talvez nosso karma, mas isso ele não me disse,
eu apenas sinto, mas ainda não posso ver...