Louise Nakazawa - Médica Psiquiatra ou Mizume Ryu - Akashayana - A Força do Dragão protetor da Sangha, com a leveza e adaptabilidade da água, por vezes suave como o orvalho, por outras fortes feito temporal. Seu coração feminino - parte japonês -timido e delicado, teima em mascarar o fogo que queima silenciosamente em seu inegável sangue italiano...


Manhã de paz, silêncio – jejum e meditação – preciso purificar corpo e mente, equilibrar meus chakras. Limpar, esvaziar, esquecer, para só depois lembrar, pensar com clareza e então agir! Prometi a mim mesma que hoje vou me harmonizar, preciso e vou! Ser leve, pura, maleável e transparente, como a água deve ser...
Meu corpo é meu templo e agora nele me fecho.
Não sei ao certo o momento, mas a resposta surgiu clara como água. Agora eu sabia o que fazer e como agir – minha tarefa parecia tão fácil, comparada a toda a dor que esta tormenta já trouxe... tão simples, como as coisas geralmente são... Liguei para Isaac, ele não atendeu – busquei então sua presença pela rede de Indra, através da Santana, fortalecida pelo nosso elo de Qui, há tanto estabelecido e assim o encontrei – pensei e na hora soube que ele compreendera. Fui à capela encontrar aos outros (e mais tarde ele também).
Assim que cheguei (de táxi, pois ontem fui para casa com Michael) fui surpreendida por uma notícia no mínimo perturbadora: Sarah havia acabado de sair!
Amanda estava nervosa e o professor beirava o pânico - estava quase catatônico quando cheguei a seu quarto; estabeleci o contato visual e o ajudei a compreender que não havia culpa pela destruição de sua capela, como Sarah induziu, pois não houve a intenção. Ele voltou, mas ainda tinha muito medo, por isso pronunciei as antigas palavras japonesas de harmonia “que Buda o acompanhe”, mas não sei bem por que... pois elas não apreciam ter sentido algum naquela situação...
Senti minha mente dar voltas, os pensamentos se misturavam e não conseguia segurá-los por mais de um instante... Fui para meu quarto, tentei meditar, mas só piorava as coisas... Os outros vieram falar comigo, mas exceto por Gray, o idioma que eles falavam soava tão estranho... Estávamos no corredor, em frente a porta do meu quarto; eles falavam e eu não entendia nada! Gray então me explicou: era inglês – eu é que inconscientemente falava em japonês! Mesclando com algumas palavras em italiano também...
Relutei quando Amanda ofereceu ajuda – não por falta de confiança, de modo algum, ela e J’J estão entre as pessoas em quem mais confio – só me parecia perigoso tentar me encontrar pela Santana... Não queria prendê-la em meu abismo. Eles insistiam que esta era a única forma... eu não conseguia pensar direito e acabei concordando – então ela tirou uma caneta e riscou minha testa... silêncio...

Abri os olhos, meu corpo estava cansado, meus pés doíam, a cabeça latejava, mas eu estava ali: dona de meus pensamentos, novamente conectada a Santana. Amanda também parecia cansada; olhei ao redor: Gray ainda estava lá, J’J tinha ido embora, mas em seu lugar estava... Isaac – ele veio! Lembrei de tê-lo chamado mais cedo, sabia que tinha algo importante a lhe dizer, mas o que era mesmo? Ah sim, meu diário, havia um papel, algo escrito esta manhã, acho que estava no quarto... “que horas são?”perguntei a ele – “cinco horas” – isso explicava o cansaço; Amanda havia sentado no chão, me encostei na parede e tirei os sapatos, Isaac nos servia um chá que havia preparado enquanto estávamos ali... no ritual. Gray foi descansar, Amanda foi comer; eu também sentia fome – ainda estava em jejum – mas o chá ajudou, ao menos me dava mais um tempo. Depois eu comeria, agora havia algo mais importante – precisava falar com Isaac.
Perguntei se esperava há muito tempo -“um pouco; recebi teu recado”.


Pedi que entrasse em meu quarto e fingi não perceber que ele mancava – ofereci a poltrona e ele sentou – parecia cansado. Me desculpei por tirá-lo de seus compromissos, mas o que eu tinha pra dizer era realmente importante e inadiável – afinal, em poucos dias teríamos um grande desafio, talvez nossa jornada chegasse ao fim – eu não queria partir carregando tanto minha roda karmica. Ele me olhava apreensivo, calado.
Pedi desculpas novamente, mas devido à confusão em minha mente, precisaria ler meu diário - não podia me enganar, não com aquelas palavras, era importante de mais para correr o risco. Ele só concordou com a cabeça. Então eu abri o diário e li...
“Até pouco tempo eu achava que a melhor forma de lidar com meus sentimentos era ignorá-los – isso tornava tudo mais fácil, acredito que para ambos. Durante todo esse tempo eu acreditei que isso só afetasse nós dois e mesmo assim já era tão difícil... de alguma forma eu sempre soube que não devia acontecer... só que agora, eu tive a certeza, agora eu sei que é impossível”. Fiz uma pausa, respirei fundo – ele me olhava com os mesmos olhos vazios, de dor e cansaço – eu disse:
“Eu quero que saibas Isaac, o quanto sou honrada por toda a confiança que depositas em mim; quando eu disse que sempre poderias contar comigo, pra qualquer coisa, eu falei a verdade. Só espero que o que eu te digo agora não mude isso” – Ele concordou novamente – eu voltei a ler:
“Quando eu vi o tamanho do teu sacrifício eu vi onde mora o teu coração... percebi que não tenho direito de sentir o que sinto, só que ainda assim... eu sinto...” (nesse momento minhas mãos tremiam, meu coração palpitava, eu não conseguia olhá-lo... e ainda havia tanto a dizer)
”A única coisa que eu posso fazer quanto a isso é tentar transformar este sentimento em algo bom, algo produtivo para todos nós, porque, de uma forma ou de outra, eu sei...”
Essa parte eu lembrava claramente, não precisava ler, larguei o diário - precisava olhá-lo nos olhos, sem fugir, mas doía tanto.... Eu precisava olhar em seus olhos e mostrar a verdade nos meus, afinal, seria a primeira e única vez que eu diria estas palavras...
“... eu sei que sempre vou te amar... a ti e a tudo que é importante pra ti, o que faz com que desde já eu as ame também... É claro que nem todos meus sentimentos são assim tão nobres, é claro que fui egoísta, desejei que tudo fosse diferente, desejei ser tua e acima de tudo, desejei o teu amor e não foi só uma ou duas vezes... Só que... quando eu olho nos olhos da pequena Ana, me sento tão insignificante... Elas precisam de ti e tu delas!
Tudo que eu mais quero é te ver feliz e nisso... eu sei que não participo.” (eu tentava segurar as lágrimas, mas algumas escapavam... as palavras que eu dizia saiam tão do fundo de meu peito que... eu já não o via com clareza, mas sabia que ele estava ali, que me ouvia e isso basta).
“Eu precisava te dizer essas coisas porque só ignorá-las, já não funciona mais... e enquanto meu coração for teu, não pode ser de mais ninguém... Dizer isso é muito mais difícil do que parece... dói, dói fundo, mas eu precisava, eu preciso dizer... Que te amo... pra então poder deixar de te amar... eu sei que é complexo, mas eu preciso disso.”
Agora eu o via novamente – fez-se o silêncio – na verdade eu não esperava ouvir nada, não era preciso, eu só tinha que falar, deixar de ignorar, era pesado de mais para carregar sozinha. Dizer isso, ter a certeza de que ele sabe, era como exorcizar... e foi isso que eu disse a ele, quando ele falou tudo aquilo que eu já sabia... o amor que tem por elas, a tristeza e alegria que vê naquele hospital... que tudo que eu disse não foi exatamente uma surpresa; que não podia me dar nada em troca... Disse ainda que a roda gira e nunca se sabe onde para, mas espera poder sempre contar comigo e que fica feliz por minha atitude de “girar a roda” e dito estas coisas ele se levantou e foi, mancando, em direção a porta...
Eu sentia um misto de alívio e paz - paz novamente em meu coração... Aquele momento era o fechar de um ciclo, era por si só “a roda”, o fim e o início... e foi assim, guiada por um impulso, não sexual, mas algo muito maior, que eu o chamei, pouco antes de atravessar a porta, aquela porta que o levaria para sempre... Fui até ele e o beijei... um beijo de amor e despedida, o selo, o fim... Não posso dizer se ele retribuiu como eu esperava, pois eu não esperava... também não sei como reagiria se as coisas tivesses tomado outra dimensão... mas não tomaram. Foi melhor assim, um beijo para guardar e um mundo para esquecer...


Fiquei um tempo sozinha em meu quarto – me sentia subitamente feliz! Desci até a cozinha e enquanto jantava fui convidada por J’J e Amanda para lhes acompanhar ao bar do pai dela – mais uma surpresa feliz: algo a fez mudar de idéia, vencer o orgulho e encontrar o pai. Aceitei o convite, mas não fui com eles, os segui na “pretinha” - pretendia passar em outro lugar depois.

O passeio foi agradável – o lugar é muito bonito, acolhedor; segundo a Amanda um “típico bar irlandês”; seu pai foi, ao seu modo, gentil comigo, só o clima para o lado do J’J não era nada amistoso e isso me incomodava... hm, talvez me importe mais com esse amigo do que pensei, aliás, com ambos... Durante a conversa dos futuros “compadres” (sim, pois serei madrinha do bebê!) fiquei brincando com o afilhado da Amanda, um menino lindo, mais ou menos da idade da Ana... Crianças me fazem bem... Embora exaustivo o dia parecia acabar bem – me despedi e peguei a estrada, rumo a Academia do Águia e foi aí que a coisa piorou...
No meio do caminho a pretinha parou... “estranho”; não passava carro algum, nem sinal de posto, nada! Tentei ligar para o J’J: “fora de área”. Me vi sozinha no meio do nada, exceto pelos olhos brilhando na mata, observando... pedi ajuda a eles, mas não se interessaram. Deixei o farol ligado e resolvi esperar, até que alguém se aproximou... um mendigo, parecia leproso ou algo assim, puxava uma carroça cheia de quinquilharias - pediu um trocado e eu dei – quando perguntei sobre o posto mais próximo ele começou a mudar de assunto... falava que o “posto havia fechado, pois seu dono havia sumido”... Insistia que eu sabia de algo e, a princípio, não liguei os fatos, achei que o homem delirava e foi aí que ele falou da fábrica de leite... o caso que resolvemos com Gray... Comecei a andar apressada pela estrada, pensei em Amanda:
“Estou com problemas - e sérios”...


Quando percebi, ele estava em minha frente, só que maior... parecia um daqueles licantropos corrompidos... Eu mal podia pensar, ele me batia e eu tentava revidar, mas meus golpes pareciam não afetá-lo... Nem sei bem quantos socos atingiram meu rosto... Consegui atordoá-lo momentaneamente com um Ki ai, ao menos ganhei tempo para fugir, mas quando alcancei certa distancia senti meu pescoço cortando, meu ar se esvaindo... ele tinha uma espécie de chicote me puxava de volta, pelo pescoço. Eu lutava para me soltar, mas só piorava... Minha única chance era atingir sua mente, precisava me concentrar... consegui!
Me soltei, ou melhor, cai... Mal podia me defender e ele continuava a atacar... me suspendeu no ar, já não podia me mover, não podia mais lutar... quando então alguma coisa o puxou... uma garra... só lembro de ser brutalmente arremessada na água e depois... escuro, frio...

Dor, muita dor! Abri os olhos; não enxergava direito, havia um homem sobre mim... hm... era como respirar pela primeira vez... Vozes; pareciam discutir - o homem e mais alguém... tanto frio... tentei falar - tinha algo quente em minha garganta, em minha boca - era sangue! As vozes... havia uma familiar... tossi o sangue, sentei... Amanda, ela veio! Que bom... a outra voz sumiu... Agora J’J se aproximava, me carregou, me cobriu,... Ele disse algo sobre “concentrar meu Qui, espantar o frio”, fiz o que pude... não foi muito. Entramos num carro... Amanda me cobriu mais - fomos até a capela - J’J levou a moto. No caminho contei a ela o que a dor permitiu. Chegamos – J’J nos esperava e me carregou novamente, até seu quarto, eu acho, pelo tamanho da banheira... Amanda tirou minhas roupas, me ajudou a entrar na água – era quente...

Me sentia tão frágil, impotente, fraca... Conversamos mais enquanto eu me esquentava na banheira e tirava aquele cheiro de sangue – contei melhor o que houve e perguntei sobre o cara que me salvou, o nome... “Deelan... é um licantropo; ele matou o outro, que te atacou“ – essa era toda a informação... Não entendi porque ela riu quando perguntei o nome dele, eu não vi a menor graça... parece ser um tipo de piadinha particular, dela com J’J, a qual eu não posso saber, sei lá... Se ele não tivesse impedido eu certamente teria desencarnado... Vesti as roupas limpas que Amanda trouxe do meu quarto e descemos até a cozinha – lá estavam J’J e o Gray. Eles informaram Sr. Gray do ocorrido - “Sinto muito Dra.”. Depois disso subi ao meu quarto e dormi... numa noite que quase não teve fim...

NY, Dez, 27. Qui.
Acordei não muito cedo, ainda tossia - havia sangue em meu travesseiro.
“Hm, tudo dói...”. Fui até o espelho – meu celular tocou – era Chang, pediu uns instantes, passou a ligação “Alô – pulguinha? Onde é que a pulguinha se esconde que não vem ver vô? Daqui uns dias eu volto pro Japão, fico abandonado lá... e a pulguinha nem pra se despedi do velho avô.”
Combinei de encontrá-lo ainda pela manhã – Voltei ao espelho – Batidas na porta:
“E aí Louise, acordo? Tá legal?” – “Já vou melhorar J’J, obrigado”.
Enfim: O espelho... hm.. nada bonito de se ver... olho esquerdo fechado, um monte de talhos, hematomas, nariz inchado, boca cortada... No corpo nada preocupante: cortes, hematomas, nenhum osso quebrado, mas o pescoço... hm, em pensar que por dentro tá ainda pior... Não posso aparecer assim na frente do meu avô... E não posso estar assim para enfrentar Sarah. Preciso fazer um bom ritual de cura: Ho Tien Chi.
Acendi as velas – as que ganhei do Michael – me despi, posição de lótus, esvaziei a mente e entoei o mantra... renovação, equilíbrio, harmonia... pronto! Bem melhor! Espelho... bom, não é exatamente uma Miss, mas já não assusta – o pescoço e o olho ainda tem marcas, alguns arranhões no rosto: maquiagem e gola alta – pronta para o café!

Depois do café, peguei a katana e fui à pretinha; “tudo bem com ela?”pergunto;“dito por ela mesma” responde J’J. Fui ao Central Park - contei à Alex o ocorrido e perguntei sobre o cara que me salvou – ele não conhece – disse que vai dar uma olhada...
Fui à academia de Chang encontrar meu avô – quanto ao meu incidente não ouve muitas perguntas. Fomos tomar um “chá decente” e tivemos uma longa conversa... Segundo meu avô, Chang é um “agricultor” enquanto eu, uma “caçadora”... o “carcaju”... Depois observávamos alguns alunos treinando e ele disse _ “Teu irmão não sabe de nada, é uma garça manca”;
– “Ah, ele faz bem o que se propõe a fazer, avô”. – “hm... e o que tu vê ali pulguinha?”. - “Um grupo que anseia por conhecimento”, respondo eu. Ele argumentou: “Nem todos ali buscam conhecimento”.
– “Mas se ao menos um assim estiver, avô, então os esforços de Chang já valeram a pena”.
- “hm... anseiam por conhecimento, né?... onde?” disse ele me desafiando... Observei com “olhos de água” e descrevi os três alunos que pareciam vislumbrar o caminho... Meu avô sorriu satisfeito e completou...
_ “E é preciso um velho vir do Japão pra mostrar isso...”.
_ “Talvez o carcaju esteja ocupado de mais para manter os olhos abertos a tudo”.
– “E o que é que ocupa tanto um carcaju?” – “Outros carcajus... mais fortes” eu disse.
_ “E não usa mais essa história do carcaju pra te defender!”.
Notei que entre aqueles três alunos “especiais” havia uma menina muito próxima da verdade... Após o término da aula de Chang pedi permissão para treinar em seu tatame – treinar com minha katana; queria mostrar meus avanços ao meu avô, além de... verificar o interesse daquela menina em especial... “Parece uma pulga” disse meu avô... Meu velho e sábio avô... Depois do treino passei algum tempo com a menina, Nikki é seu nome; conversamos, bebemos chá... Vi nela traços semelhantes aos meus, anos atrás... a ânsia por algo desconhecido... um sentimento inexplicável... Nunca me imaginei como mestre de alguém, na verdade ainda me sinto uma aluna - sobretudo perante Ms. Won ou o Águia... Ainda não satisfiz minha própria ânsia, mas não posso ignorar o fato – se for minha a tarefa de auxiliá-la a abrir os olhos e dar seus primeiros passos rumo ao caminho... não vou negar um compromisso tão nobre. Preciso meditar sobre isso, mas daqui uns dias - agora cada momento é precioso!

À tarde estive com Águia, na academia – conversamos brevemente sobre os acontecimentos do dia anterior – todos eles. Combinamos de nos ver, ou melhor, treinar a noite, na capela. Pretendo aproveitar a noite para conversar melhor, entender o que se passa conosco... com ele.

Quando cheguei à capela soube que teríamos um “caso extra” à investigar – Amanda descobriu que um tipo de “guerra” entre os vampiros têm tomado grandes dimensões, algo que nos preocupa sobretudo pelo número de vítimas – adormecidos. Fomos até um bar – Denian estava lá – parece que uma grande “tempestade” causou a morte de um dos deles... um antigo - o que de alguma forma impulsionou o massacre em toda a sua “linhagem”, conforme ele explicou. Os membros desta “tradição” estão matando uns aos outros, num impulso repentino e incontrolável, levando consigo o que estiver no caminho.
A tal “tempestade” é a mesma que, dias atrás Sr. Gray acompanhava via internet... ele havia me dito que eles (a tecnocracia) estavam solucionando um problema...

Denian nos guiou até um dos “líderes”, alguém que talvez pudesse fazer algo a respeito. Andamos por uma série de túneis sinistros e chegamos até a criatura de 4 braços... Vikus Após uma longa conversa – da qual fui porta voz (uma vez que Isaac não apareceu – acho que teve problemas) - tudo que conseguimos de significante foi uma lista, com 11 nomes e onde encontrá-los: os “ainda” sobreviventes e causadores da atual guerra... entre eles Denian. Na saída encontramos – outro deles, “Lambach”. que nos deu algumas informações preocupantes... parece que este conflito é apenas o começo... outros “antigos” estão prestes a acordar... Sr. Gray quase perdeu o controle.

Já era tarde quando Michael apareceu na capela – o levei para ver o resultado do presente que deu ao professor - o robô, hoje habitado pela “criatura extra planar” chamada Tizu... ah e agora com dedos articulados! Depois descemos... Michael parecia muito cansado, mas ainda assim compareceu ao treino, honrando seu compromisso. Agradeci a ele pelas palavras e pelo gesto que tomou comigo na noite de Natal... foi o impulso que eu precisava para me mover... Pedi desculpas por tê-lo constrangido naquela mesma noite – ele disse que não era preciso – eu insisti:
_ “Eu preciso me desculpar... me sinto muito mal por ter te causado aquele tipo sentimento”;
_ “Tu sempre me causa um sentimento...” foi a resposta dele – ouve um silencio e sorrisos...
_ “Eu só queria que eles fossem sempre bons...” – respondi;
_ “Eles são... não precisa pedir desculpas”.
_ “Bom, agora já pedi! Tu parece cansado; meu dia também foi longo, acho melhor deixarmos o treino para amanhã”; _ “Mas tu precisa praticar...” diz ele;
Eu penso “existem outras formas de praticar o dô”: _ “Fica aqui hoje, descansasse comigo...”. Ele baixou os olhos, refletiu um tempo e disse: _ Eu ainda preciso de provas Louise...
_ “Olha Michael, eu bem sei o tamanho da atitude que tomei e tudo que ela representa, eu sinto a mudança que trouxe e a harmonia em meu coração... agora, se isso não é uma prova pra ti... não sei... acho que tu só vai ter as provas que esperas pagando para ver... ao menos que não queiras me dar um pouco do teu tempo... (eu falava sem parar... nunca havia lhe falado assim; sua “resistência” havia me irritado, magoado até... duvidava se ele também sentia saudades... se me queria; continuei a falar)... e talvez eu também precise de provas...” E foi aí que ele me interrompeu - puxou meu corpo junto ao dele e me beijou... e assim, pela primeira vez, subimos ao meu quarto na capela... não preciso dizer o quanto que a noite foi maravilhosa... ah, preciso sim: foi espetacular!