Louise Nakazawa - Médica Psiquiatra ou Mizume Ryu - Akashayana - A Força do Dragão protetor da Sangha, com a leveza e adaptabilidade da água, por vezes suave como o orvalho, por outras fortes feito temporal. Seu coração feminino - parte japonês -timido e delicado, teima em mascarar o fogo que queima silenciosamente em seu inegável sangue italiano...



Existe algo perturbando minha paz. Não sei o que ao certo, embora pudesse facilmente eleger um entre os vários motivos que nos cercam ultimamente, mas não é algo explícito, é algo mais profundo...
Apesar de tudo de desagradável que aconteceu este ano, muitas coisas boas, coisas novas vêm me ocorrendo:

Ter minha família toda, assim tão próxima a mim – e mutuamente no caso de meus pais; alegra-me muito vê-los compreendendo seus sentimentos e vivendo-os plenamente;

Ver Chang tão feliz com sua “Shosi”;

Ver Bartollo, enfim alcançando os objetivos que lhe trouxeram a NY ao conseguir um bom trabalho como ator e com isso tornando-se simultaneamente independente...

A evolução que tenho notado desde que passei a treinar com Ms. Won.

E tem o Michael...
Com ele tenho aprendido a sentir – isso é tão novo e tão maravilhoso que, às vezes me vejo perdida... Tenho me permitido viver estas novas sensações sem questioná-las, sem entendê-las, não via a necessidade disso, até que hoje fui surpreendida por uma pergunta aparentemente tão simples: “Você está feliz?” – lógico que a pergunta veio acompanhada por todo um discurso sobre a diferença sutil entre felicidade e plenitude sexual, afinal, foi minha mãe falando... e por mais que ela venha notoriamente se esforçando para respeitar minha privacidade, creio que ter um homem dormindo em minha cama, mesmo com a presença dela sob o mesmo teto, tenha deixado-a no mínimo surpresa, já que sempre fiz questão de tanto segredo em relação a minha intimidade.
Respondi brevemente a pergunta com um sincero “sim”, mas quando subi de volta ao quarto, levando o café de Michael (que minha mãe havia preparado!...), parei alguns instantes sentada ao pé da cama, observando-o enquanto dormia...
Refleti por algum tempo tentando definir em palavras o que venho sentindo – será mesmo “felicidade”?

É claro que o sexo tem sido um ponto muito forte em nossa relação, especialmente com toda a sintonia que descobrimos ter... Seu corpo, sua pele, seu toque, seu cheiro, seus beijos, sua respiração... Isso me faz absolutamente feliz, é claro, mas ao vê-lo dormir, tão sereno e profundo, tive a certeza de que não é isso, não foi - só – nisso que pensei ao responder a pergunta de minha mãe...

Gosto de ter sua companhia, mesmo que só por alguns instantes,
ou quando ouço sua voz ao telefone.
Gosto de dormir no calor de seus braços e a cama me parece tão vazia sem ele...
Adoro seu sorriso ao despertar e a cor de seus olhos nos primeiros raios de sol.
Gosto d vê-lo dormindo e adivinhar seus sonhos...
Gosto de tê-lo em minha cama, mas mais ainda, adoro tê-lo em minha vida,
e isso sim me faz muito mais feliz...
Mas hoje, ao vê-lo acordar, tudo que eu disse foi
“Bom dia, dormiu bem?...”
(E seus olhos estavam tão lindos esta manhã....)