Louise Nakazawa - Médica Psiquiatra ou Mizume Ryu - Akashayana - A Força do Dragão protetor da Sangha, com a leveza e adaptabilidade da água, por vezes suave como o orvalho, por outras fortes feito temporal. Seu coração feminino - parte japonês -timido e delicado, teima em mascarar o fogo que queima silenciosamente em seu inegável sangue italiano...

Agosto 04, 2002.

Foi como um piscar de olhos e estávamos de volta à cozinha da Capela.

Olhei ao redor e todos estavam lá... até mesmo Julian, embora ainda um pequeno bebê que aguardava nos braços de Isaac, todos - menos ela...

Senti como se uma imensa pedra esmagasse meu peito – corri para fora da cozinha, nem sei para onde, já que aquilo que eu procurava não estava lá...
Até que Dylan segurou meu braço, me puxando junto a ele.

-‘Pra onde tu tá correndo?’ (se eu soubesse teria respondido, mas só disse ‘dói...’)
‘Eu sei... mas a gente combinou que vai adiantar ela, lembra?’

Ainda bem que ele estava lá... É nele, na sua certeza e no seu Amor que venho encontrado o consolo..


...E focado meus sentimentos, tentando não me perder no tempo... na saudades...

Tivemos uma reunião onde repassamos a Isaac as informações que trouxemos – tomamos por prioridades a construção do Bunker e da casa nova para os novos aprendizes – que devem chegar muito em breve! Iniciaremos o quanto antes às aulas mistas e começaremos a preparar as pessoas próximas para saber a verdade. Isaac ficou responsável de repassar – gradualmente – as novidades para as crianças.

Liguei para minha mãe e marquei – para a mesma noite – o jantar que estávamos aguardando; Dylan estava saudável e queria apresentá-lo a eles antes de nos mudarmos para a casa nova. Também ansiava por encontrar minha família, especialmente minha mãe... Muitas coisas haviam mudado dentro de mim – ela merecia saber!

Quando chegamos, ela veio nos receber; ao ver Dylan ela comentou:
‘Ah, agora eu entendo o sorriso no rosto da minha filha!’.

Quando a abracei, foi de uma forma... ‘maior’, mais intensa que o normal. Havia mais carinho, como num reencontro; ela não entendeu, mas ficou feliz.
Chang e Shosi já estavam lá e, assim como meu pai, embora estudassem atentamente os gestos deDylan, o faziam muito discretamente – ai chegou o Bartollo e toda sua indiscrição:

- Ué, quem é esse?
- Esse é o Dylan, meu namorado!
- Mas ele era diferente; e o nome não era esse!
Dylan não pareceu se chatear – talvez eu tenha lhe preparado para coisa pior – e respondeu bem humorado:
- É porque 'aquele' não era eu, eu sou outro!

(Enfim) percebendo o que estava acontecendo, Bartollo olhou pra mim, um tanto desapontado:

- ‘Como assim? Tu trocou de namorado e nem me avisou?’

-‘Eu já tinha te dito isso sim, Bartollo, há quase um mês! Aliás, todo mundo já sabia; inclusive esse jantar é pra vocês se conhecerem!’

-’Eu só espero que tu pares de mudar de namorado!’ e olhou meio ameaçador para Dylan, que estava sentado no sofá; ele respondeu:
-‘Não, ela não vai mais trocar, pode ficar tranqüilo!’.
Eu sorri.

O jantar foi agradável; eu temia que Dylan se sentisse deslocado, mas ele parecia tranqüilo – não foi surpresa nenhuma que minha mãe tenha simpatizado com ele logo de cara, mas até meu pai parecia satisfeito – notei seu sorriso de aprovação, quando perguntou a Dylan porque ele estava se mudando pra cá e ele respondeu:
- Por causa dela.

Eu não tinha planejado contar a eles que moraríamos juntos, mas o clima estava tão favorável que acabei contando. Minha mãe ficou feliz (disse algo do tipo
‘Que ótimo! até que enfim essa menina tá libertando sua sexualidade!’
Bartollo ignorou totalmente a informação;
Chang e Shosi pareceram surpresos e
Meu pai só perguntou se nós estávamos certos disto - minha resposta foi
‘–Eu nunca tive tanta certeza!’
Dylan concordou com segurança e meu pai pareceu satisfeito.

Mais tarde, quando estávamos na cozinha, apenas minha mãe e eu, perguntei da onde ela tirou forças para me entregar ao meu pai, tão pequena... e depois para todo ano ficar tão pouco tempo comigo sabendo que teria de se despedir novamente.
Ela ficou surpresa com a pergunta - nós nunca havíamos tocado neste assunto - mas respondeu:
- Do amor que eu tenho por ti! Era difícil, toda vez eu sofria, mas sabia que fazia aquilo pro teu bem.
– Eu sei que é meio tarde mãe, mas agora eu te entendo...

Izabela Belluti -minha mãe
Nos abraçamos e choramos – como boas italianas que somos – e nunca me senti tão próxima dela qto agora!


Ao sair de lá, levei Dylan até a academia para ver como andava a obra – eu estava ansiosa para lhe mostrar nosso futuro lar, ou como ele costuma dizer ‘nosso ninho’. A obra ainda não acabou, mas o quarto estava quase pronto – ele montou a cama, eu enchi a banheira... e acabamos passando nossa primeira noite lá
– no nosso Ninho.

Imagem: David Mack
Reunindo Informações



Após reunirmos todas as informações obtidas com os relatos de Julian, Mason, Gray, Jhony, Rachel e Nick, começamos a montar o quebra-cabeça. Embora não haja como eleger um único fato como o crucial, conseguimos definir quais eventos merecem maior atenção. Alguns passos mesmo que perigos, ainda devem ser seguidos; os outros precisamos acreditar que podem ser mudados – resta saber como!.

Impedir a Morte do Sr. White
Contar com a ajuda do Sr. Gray (confiável?)
Não sabemos como nem quando isso pode acontecer, mas sabemos que com este evento, o controle da mídia foi assumido por um Vampiro, um ancião que despertou e resolveu contar ao mundo sobre a existência dos seus, instalando o pânico e começando a guerra. A tecnocracia, na tentativa de pará-lo, usou uma arma que abriu acidentalmente uma fenda, ou portal para o mundo das fadas.

Buscar ajuda:
Do Gray / das Fadas /dos Lobisomens (poderiam eles resistir ao olho do furacão?) - Alguém se habilita?

A viagem para a Europa
Menos de 2 meses a frente, seremos requisitados pelo Sr. gray para auxilia-lo numa investigação dentro de uma base tecnocrata em algum lugar da Europa – parece que lá vimos algo lá que nos mudou profundamente – o que ouvimos como ‘o olho do furacão’ – tanto que, por causa disso, todos nós apoiamos o professor, que roubou um projeto da tecnocracia e com isso enviou bombas sobre todas bases tecnocratas ao redor do mundo.. Pelo que descobrimos não fazer a viagem teria um resultado ainda pior (?), portanto devemos fazê-la, achando uma forma de resistir ao ‘olho do furacão’!

Impedir que o professor largue as bombas
Por incrível que pareça, essa é a parte que amsi me assusta! A impresibilidade do oliver - totalmente caótico - faz dele um aliado e ao mesmo tempo uma ameça...

Preparar melhor nossos aprendizes
Deixá-los cientes dos acontecimentos e prepará-los para as batalhas inevitáveis – não podemos mais vê-los apenas como filhos e assim tentar protege-los; e preciso ver nestes filhos os magos de amanhã! Decidimos começar aulas mistas, para que todos entendem e aprendem um pouco das outras tradições.

A Traição - ‘Argos caiu por Amor’
Sabemos que na época em que a capela foi atacada, suas defesas eram capazes de resistir quase a um ataque nuclear! Argos só caiu porque alguém lá de dentro baixou as defesas – e o motivo foi amor... Pode ter sido qualquer um, talvez até mesmo um de nós, mas precisaria conhecer o sistema de segurança ou manipular alguém que o tivesse.

Melhorar as Defesas da Capela & Construir um Bunker

Fazer um sistema de defesa reserva, que assuma na ausência do principal e que não seja de ‘conhecimento público’ – Estar atento a quem se permite acesso a sistema e construir o Bunker caso a guerra não seja impedida e a capela seja atacada.

Olho atento nos novos aprendizes
Sabemos que em breve muitos chegarão a Argos – Que haverá conflitos e rivalidades entre eles – haverá uma traição – Argos cai por amor... Decidimos por criar uma ‘filial’ da capela, que funcionará como escola, alojamento e centro de treinamento destes novos aprendizes.
Pela manhã visitei o hospital – não podia ir ao futuro e não ver os avanços que ocorreram na área médica. Na oncologia há medicina preventiva é impressionante! Por meio de analise de DNA é possível identificar se o paciente tem herança genética para desenvolver o câncer e assim modificar seu código genético, antes que a doença se manifeste! Há ainda uma nova área chamada Karmologia, onde por meio de um aparelho de ‘regressão’ o paciente pode descobrir quais karmas precisa resgatar, antes que eles se manifestem – um tipo de ‘Bodhidharma eletrônico?’

Depois do almoço Sr. Gray apareceu para nos levar até nosso tele porte para a Europa – onde encontraríamos o Arquivista, a única pessoa que guarda registros precisos de tudo que aconteceu! Rider tinha esperanças de que ele poderia lhe contar sobre seu pai – e sobre como voltar ao seu tempo – nós tínhamos os relógios.

Este era nosso último dia e eu já sofria pela proximidade da despedida.

Julian e Ingrid nos acompanharam na Europa. Quando atravessamos o tele porte um carro nos aguardara; no caminho algo estranho começou a acontecer com o J’J – ele estava ficando invisível! – sua forma oscilava entre material e etéreo – possivelmente devido a magia que ele havia feito na noite anterior, tentando olhar através da linha do tempo para descobrir algo que nos ajudasse...
Corremos até o Arquivista, acreditando que ele pudesse solucionar este problema.

Quando lá chegamos encontramos um senhor, de longas vestes, sentado em seu trono de pedra, protegido por meia dúzia de lobos brancos – ele já nos conhecia, já nos aguardava e já sabia também o assunto que nos trouxera ali... mas antes de qualquer coisa, pedimos que fizesse algo por J’J – e ele fez: com um mero gesto de mãos, J’J desapareceu – havia voltado ao nosso tempo.

De resto, não queria descrever nosso encontro com o Arquivista como ‘decepcionante’, mas foi... Ao menos para mim, que esperava encontrar em sua sabedoria, nossas respostas e ao invés disto, cada uma das muitas (e foram muitas) perguntas que fiz, me foram devolvidas... Foi frustrante!
A única informação realmente nova que recebemos foi que ‘Argos caiu por Amor’...
E que independente das mãos que jogaram as bombas, a decisão foi apoiada por todos nós... Saímos de lá nos perguntado ‘o que de tão grave pode ter acontecido para ter nos mudado desta maneira?’, pensar que nós podemos ser os responsáveis pela queda de Argos, pela morte daqueles que amamos e que essa pode ter sido uma decisão unânime e consciente... Hoje, não faz nenhum sentido!

Já era hora de voltar – J’J nos aguardava ‘do outro lado’, Rider ficaria mais algum tempo com o arquivista para resolver suas questões (tomara que tivesse mais sorte que nós!) e não restava mais nada que pudéssemos fazer ali...
Mesmo sabendo de todas estas coisas, parte de em relutava em partir!

Deixar Ingrid, a filha que antes nem sonhara em ter e que de repente, encontrei, conheci e tão rapidamente meu coração aprendeu a amar... era a pior dor que eu já sentira... Ela já era parte de mim – como dizer adeus?


Ingrid Nakazawa Ravenclaw
‘Lâmina Afiada’


Naquela realidade, estaríamos deixando-a pela segunda vez... antes ela esperava que voltássemos, agora, era para sempre - Fazê-la sofrer era algo ainda mais insuportável.
Por algum motivo estávamos ali – E por algum motivo tínhamos que passar por aquilo - Era inevitável, mas aquela dor era cruel de mais...

Não posso por aquele momento em palavras – como desenhar sentimentos tão complexos? Todos os dias me pego pensando naquele momento... Às vezes o vejo como fotografias em minha mente... Noutras ouço as palavras ecoando... Foi a primeira vez que dissemos que nos amávamos, Eu e Dylan, Eu, Dylan e Ingrid... Nossa família... Mas na maioria das vezes lembro apenas de seu rosto, do sentimento em seu olhar e quero tanto tocá-lo...
E revivo diariamente aquela dor, pois ela nunca mais abandonou meu coração...

E assim nos voltamos...
Embora eu saiba que parte de mim nunca abandonará àquele lugar...


Pequena Lótus do amanhã
Hoje semente recém plantada
Semeada por um amor maior
Que toda a natureza;
Tuas profundas raízes
Encontram na terra molhada a força
Para crescer em flor
De tão rara beleza.
Teu perfume vou sempre sentir
Mesmo que meu toque
já não alcance tuas pétalas,
E meus olhar procurará por ti,
Na ânsia e na certeza
De te encontrar dentro de mim.
Teu coração nos sentirá sempre
Que teus pés pisarem a terra,
Que a chuva tocar o teu rosto,
Pois estaremos junto a ti,
Unidos através do tempo,
do espaço e da saudade.
Pequena flor de Lótus,
Escama do grande dragão,
Fruto da mais antiga árvore,
Do mais verdadeiro amor.
Por maior que seja teu caminho,
Nunca esqueça de onde viestes,
E do tanto de nós que
sempre viverá em ti.
Filha amada de nosso coração.


Acordamos com o som de um alarme – corri na janela e vi o professor parado, imóvel, no pátio vizinho (?) – o que ele queria lá, ainda não sei, mas foi pego pelo sistema de segurança que ele próprio projetou (um tipo de toxina paralisante muscular disparada por contato, pela agulha escondida na superfície do muro!); conversamos com o pseudo ‘mal-entendido’ foi resolvido rapidamente.

Depois do café recebemos a visita do Gray, que nos ‘equipou’ com carros e telefones (que mais pareciam escutas). Dylan, Ingrid e eu usamos um tipo de nave para descer em segurança até o Central Park – eu dirigi! Precisávamos pedir ‘autorização’ para que ela nos acompanhasse durante todo o período que ficaríamos ali; ela queria isto e Dylan e eu estávamos animados com a oportunidade de a conhecermos melhor – chegando lá, vovô Jhonny perguntou apenas se era isso que ela queria – ela concordou e sorriu meio tímida – e ele ficou feliz com isto (consequentemente nós também!).
Ele perguntou como era ‘lá em cima’, bonito?
‘Bonito sim, como uma flor de plástico’ eu respondi.
Ingrid havia trazido uma bolsa de comida (nós nem havíamos percebido), o que o deixou muito feliz!

Saindo dali fomos em busca de Nikki; eu pensava nisto desde que Julian me contou que ela sobrevivera e hoje tinha uma floricultura na saída da ilha. Deixamos o ‘carro’ em lugar seguro e seguimos a pé – não tínhamos nenhum um endereço ou ponto de referência, só uma direção e por isso levando um bom tempo para encontrar a floricultura no Brooklyn.

Entramos – parecia vazio, embora me sentisse sendo observada (tive a mesma sensação algumas vezes durante o caminho pra ali); toquei a campainha no balcão ao fundo e poucos tempo depois fui atendida por uma mulher, na faixa dos 40 – minha sidai, Nikki...


Ela ficou assustada (o que eu já esperava) e perguntou o que era aquilo – clones?
Eu disse que não, que era eu mesma, vinda do passado (ou visitando o futuro); que nós havíamos recebido um pedido de ajuda para vir até ali, buscar respostas e direções para que pudéssemos impedir que as coisas chegassem aquele ponto.

Enquanto eu falava com ela, senti que Dylan e Ingrid se aproximaram de mim, de minhas costas, em posição de alerta contra algo que se movia do lado oposto da floricultura, como se estivéssemos encurralados, mas não olhei para trás, nem por um instante – meus olhos se fixavam nos dela, buscando e permitindo a confiança.
Disse que sabia que sempre poderia confiar nela, minha sidai, minha primeira e, da onde eu vinha única sidai; ela havia sobrevivido a tudo aquilo e toda informação que pudéssemos coletar era importante.

Ela pediu uma prova de que eu era mesmo sua sifu; e eu respondi:

– Eu trouxe comigo, ao teu encontro, tudo o que tenho de mais valioso (maneei levemente a cabeça apontando os dois, que pareciam assustados); olha nos meus olhos e encontra a verdade; ouve o que diz teu coração.

Senti Dylan e Ingrid relaxarem – seja o que for que os tivesse ameaçando parecia ter sumido. Ela também pareceu relaxar – seu coração lhe contara a verdade – ela sorriu e nos ofereceu chá; fomos conduzidos a outra peça e durante o chá eu a observara atentamente: tinha se tornado uma bela mulher, embora eu me perguntasse o que havia apagado aquele imenso brilho do seu olhar; ela ainda era gentil, mas de uma forma triste, distante;
O que de tão grave havia acontecido para que o coração saltitante se tornasse tão duro...


Depois do chá, ela pediu que eu a acompanhasse – garantiu que eles ficariam em segurança e senti que podia confiar em suas palavras. Andamos até o fundo da construção, passamos por um pátio, chegando a outro prédio, um tipo de abrigo para crianças e jovens órfãos: um lar e uma academia onde a Irmandade não morrera! Fiquei feliz com isto – uma das poucas coisas que me alegrou naquele lugar, ver todas aquelas crianças treinando, saber que minha sidai não esquecera os princípios que lhe ensinei, (‘o dragão precisa de muitas escamas’) e que havia se tornado forte o suficiente para permanecer em pé, enquanto tudo desabara...

No início da conversa ela se manteve distante, ríspida, como se não quisesse tocar em antigas feridas; parecia guardar algum tipo de mágoa ou rancor de mim...
Isso doía fundo, até porque eu estava sendo ‘acusada’ por coisas que ainda não tinha feito, que em meu coração não compreendo e nem pretendo fazer!
Perguntei a ela porque é que todas as pessoas que me são importantes foram tão hostis ao me reencontrar? Ela baixou a cabeça, não respondeu, mas no final da conversa eu entendi... Entre as tantas coisas que Nikki me contou, pude entender a amargura de seu coração: ela havia perdido três filhos; o primeiro durante a invasão de Argos...
Quanto ao pai, ela relutou em contar por medo que, sabendo disto eu tentasse protegê-la;

– 'Não cabe a mim, impedir que enfrentes teus karmas, mas é meu dever garantir que estejas preparada para enfrentá-los' – ele também foi/ou será meu sidai, seu nome é Lian e ele a abandonou quando soube do bebê...

Argos caiu porque naquela noite alguém lá de dentro baixou as defesas e permitiu a invasão – houve um traidor! Mas quem?
Havia (ou haverão) muitos discípulos! Muitos, recém-despertos, encontraram em Argos seus mentores. Nós os acolhemos e na tentativa de protegê-los, escondemos muito do que acontecia e com isto não os preparamos para o que estava por vir!
E naquela noite fatídica, nós não estávamos lá – estávamos em algum lugar, lutando para impedir a guerra sem saber que havíamos sido derrotados...

Quando Argos foi destruída, não foi só a capela que caiu - uma casa pode ser reerguida, mas não uma família! Muitos morreram e os que sobreviveram não puderam suportar tamanha dor – a traição, as mortes e o ‘abandono’ que sentiram... Coisas foram ditas e palavras são espadas afiadas... Deixaram feridas tão profundas que nunca cicatrizaram...

Voltamos para a floricultura e lá apresentei pessoalmente Nikki e Ingrid – elas já haviam se encontrado antes, em combate e Nikki já desconfiara das origens da menina empunhando ‘aquela katana’, mas agora eu as apresentava de verdade; queria que elas se vissem da forma como sempre deveria ter sido:
Ambas minhas filhas, filhas de meu coração...

Enquanto saíamos da floricultura pude ver os vultos dos Ninjas estrategicamente posicionados em meio as flores. Por meio deles ela protegia, ou controlava toda aquela região!
Nikki convidou Ingrid para que voltasse ali – disse que ela seria sempre bem vinda, mas notando que a menina só concordará com a cabeça, sem muita certeza, ela insistiu:
– Eu não to falando só por falar, é sério, eu gostaria muito que tu me viesse! Ingrid pareceu ter dado atenção às suas palavras e combinou de voltar.

Nos despedimos de Nikki e quando fazíamos o caminho de volta, Dylan, percebendo o quanto eu estava abalada disse a Ingrid: _Dá um abraço na tua mãe que ela tá emotiva! Ela deu... E ele se uniu ao abraço, nos cobrindo e protegendo com seus grandes braços, como se nós três fossemos uma coisa única...
Uma família!

De volta pra ‘casa’, preparei o jantar – Foi quase um banquete, Ítalo-Nipon! Aquilo foi para todos, mas especialmente pare ela – queria lhe apresentar suas origens e lhe proporcionar um pouco daquilo de que foi privada – O que foi estendido após o jantar – conversamos muito e pela primeira vez ela se mostrou interessada em saber mais de nós; contei sobre minha família (e dela também!), sobre minha história, sobre a história da Katana Nakazawa e de nossos ancestrais samurais – e sobre Dylan... Contei de forma romântica como nos conhecemos e depois pude ouvir a versão dele; foi estranho falar de coisas tão recentes para nós e tão antigas para ela!
Julian nos acompanhava, contando histórias e ouvindo atentamente – tão encantador apesar de tudo que passou!

Pela primeira vez Ingrid se deixou ver, ‘baixou a guarda’ (como eu havia pedido na noite anterior) e contou coisas dela, de sua criação, de seu papel entre os Garous – ela é um soldado, assim como nós; Dylan ficou orgulhoso, embora demonstrasse isso, assim como seu carinho por ela, de uma forma meio indireta... mas que ela devia compreender, talvez até melhor que eu, por ele ser tão parecido com a ela mesma!

Naquela noite pedi secretamente para que Rider a deixasse ficar com o quarto – imaginei que ela nem se lembrasse de como era dormir numa cama e queria que ela tivesse, ao menos uma vez, a memória de ser posta para dormir por sua mãe...
Ela tentava parecer indiferente àquilo, dizendo que não precisava, que sabia se tapar, mas pude sentir que aquele momento era tão bom para ela quanto para mim...
Não podia reescrever suas memórias, mas podia ao menos lhe dar algumas novas – poucas, mas reais...
E memórias eram tudo que podíamos deixar para ela, antes de partir novamente...
Dia 2

Entre tudo o que Julian nos contou, o que mais nos surpreendeu foi
o desaparecimento das tradições e da tecnocracia
À princípio pode parecer ruim, mas com tudo a magia se tornou difundida e livremente aceita entre as pessoas.

A Nova Iorque do futuro é divida entre os que, como Julian ainda vivem ‘em baixo’, fugindo dos farejadores durante o dia e dos vampiros durante a noite – parece que eles são o maior dos problemas.

Os lobisomens resistiram bem – embora a luta contra os vampiros seja cada vez pior - e o Central Park e muito maior em relação àquele que nós conhecemos. Os que vivem em cima são uma mistura do que restou da tecnocracia e das tradições, coexistiam sob o comando do presidente – Richard Mason e seu primeiro ministro Evan Gray – parece loucura, mas não é! O ideal político deles parece simples – quem quiser viver sob suas leis vive lá em cima, caso contrário fica em baixo, sendo constantemente ‘controlados’ por seus farejadores.

E nós tivemos uma amostra de como atuam essas ‘coisas’ logo de manhã.
Fomos emboscados por uma meia dúzia deles e enquanto travávamos o combate, não percebemos que o professor avia sido capturado – pra melhor dizer ‘englobado’ por um deles, que o levou consigo.

No meio da confusão em que perdemos um dos nossos, achamos um garoto perdido – no tempo – e confuso; Alex Rider; de alguma forma ele saiu do nosso tempo original e foi parar ali sozinho; acabou auxiliando uma garota lupina a fugir dos farejadores e juntou-se a nós.


Alex Rider




Assumindo que na sabedoria da Grande Roda não haja espaço para coincidências vãs, encontrar ‘no futuro’ um garoto (21 anos) ‘perdido no tempo’ e em seguida descobrir que ele é filho da Sarah (e ela tinha um?) – aquela mesma Sarah, cujo nome ainda hoje nos causa arrepios - é algo no mínimo surpreendente! A pergunta é: qual será o propósito deste encontro?





Enquanto seguíamos em busca do caminho que nos levasse para cima, atrás do Professor, acabamos novamente cercados – desta vez por lobisomens; 4 deles; ficamos na defensiva e quando um saltou em nossa direção, Amanda rapidamente lhe acertou um tiro na perna; os outros fechavam o cerco, minha mão repousava no punho da espada já aguardando o combate iminente, quando algo em meu oponente me chamou a atenção:
Sua katana, muito semelhante a minha, porém maior.
Ele também pareceu intrigado com tal semelhança e neste momento surgiu a menina que Rider havia ajudado a pouco – ela o identificou e o combate se tornou desnecessário – porém eles insistiram em nos levar consigo ao Central Park para que nos apresentássemos ao ‘vovô’ – seu líder – a verdade é que não tínhamos muita escolha, aquele era o território deles e não podíamos perder tempo em discussões.

Andamos até lá – não tirei os olhos daquela katana, mas seu portador não mudava de forma, me mantendo curiosa... quanto mais eu olhava, mais tinha certeza de que aquela era a ‘minha espada ‘, a mesma que eu carregava – não haviam duas iguais – mas como e por quê ela foi parar naquelas mãos...

Algo eu meu coração ousava responder, embora eu me negasse a acreditar...
Quando chegamos descobri que o ‘vovô’ era o Johny... (eu até esperava Alex, mas ele já havia falecido) - embora ele hoje não fosse chamado assim a toa – marcas de batalha se faziam visíveis em sua face, tanto que estava até cego de um olho, mas mesmo assim me reconheceu... e custou a entender o que estava acontecendo ali... Da mesma forma que eu...

Dylan foi levado aos curandeiros e Johnny me falou em particular... minhas suspeitas quanto a katana e seu portador estavam certas (como dizem ‘coração de mãe não se engana’) – na verdade portadora... ele não me disse muito, mas fez melhor:

Permitiu que eu visse com meus próprios olhos.
Sai buscando por ela – ‘lâmina afiada’ - e só a reconheci pela katana nas costas e a bandana na cabeça. Agora era só uma garota, do meu tamanho e porte físico, porém com os cabelos louros, de pontas vermelhas – parecia ter sido cortado displicentemente com faca, caído no queixo.

Fui me aproximando, com o coração palpitante, ‘O que dizer? Como dizer?’, ela parecia estar montando guarda; me olhou de um jeito invocado... um olhar tão familiar...
Fiz uma reverência – fui respondida, então respirei fundo e me aproximei;
Elogiei a katana e perguntei como ela havia conseguido, não foi fácil como eu pensava. Ela ficou desconfiada, me devolveu a pergunta.

- Bem, eu a recebi do meu avô. esta espada pertenceu a muitos antes dele, toda uma dinastia de samurais, ela nunca saiu da família; é uma grande honra empunha-la... Tu deve saber que não há duas iguais..

Ela balançou a cabeça olhando minha espada, meio insegura quanto a isso; olhei para as espadas e continuei:
- Elas não são iguais porque são a mesma. Como tu deve ter ouvido, nós viemos do... passado... E, a menos que tu seja uma Nakazawa, tu não deverias a estar empunhando.
Ela refletiu um tempo... depois, baixou a guarda e respondeu:
- meu nome é Ingrid Nakazawa Ravenclaw , e eu acho que sei quem tu é.

Ela me olhou nos olhos – o mesmo azul que me fazem ‘olhos de mar’
e eu a abracei... Por que não existiam palavras para aquele momento.



Ela tinha cerca de um ano quando foi entregue sob os cuidados dos lupinos – a guerra tinha chegado e nós, sempre soldados, precisamos deixá-la num lugar seguro, entre o ‘seu povo’. Ao que tudo indica pretendíamos voltar, mas... não foi possível e ela foi criada entre eles.

Embora pouco sabendo de nossa história, percebi que ela exibia com orgulho tudo que lhe restou de mim: a katana, a bandana e o colar. Senti sua mágoa ao falar disso – ela não entende, ou apenas não concorda com o porquê de termos a deixado ali – e naquele exato momento pude enfim compreender as escolhas de minha mãe...
Algo que sempre me magoou agora parecia tão claro... Lembrei de suas palavras e elas soaram como se fossem minhas:

‘Sei que fiz isso pelo teu bem... não podia te negar a criação da qual tu precisavas, mesmo que fosse longe mim’
Depois de lágrimas e abraços a deixei em seu posto de guardiã e sai a procura de Dylan. Precisava dividir isso com ele, embora sem saber bem como. Ele estava sendo cuidado em um local ‘sagrado’ e fui impedida de entrar.
Queria estar com ele e isso me irritou, mas só me restava esperar...

E foi então que fui ‘convocada’ mentalmente por Amanda, para auxiliar-lhes num assunto que envolvia Julian.

Que ele já nasceu desperto nós suspeitávamos, mas o quão cedo seus poderes evoluíram e em quais proporções, nós sequer imaginávamos!
Foi preciso criar um tipo de ‘trava’ mental para protegê-lo até que tivesse maturidade suficiente para lidar com isso – E ele se culpava por não ter ‘feito mais’, senti-a impotente e atribuía isso as travas que e não conseguiu quebrar sozinho.
Nós as tínhamos colocado e agora nós as tiraríamos – embora sem fazer muita idéia de ‘como’, já que fizemos isso no ‘futuro’...

Amanda, J’J e eu fomos juntos ao jardim de seus pensamentos; o Santana; onde o ‘tesouro’ protegido mostrou-se para mim como uma lótus branca, guardada por uma gruta de pedras e espinhos, os quais nos tivemos que remover cuidadosamente...
Foi trabalhoso, demorado, mas bem sucedido!

Quando abri os olhos novamente, Ingrid estava lá; ela e Rider observavam com curiosidade nosso ritual conjunto. Convidei-a para uma caminhada – estava ansiosa para reencontrar Dylan e pouco tempo depois de andarmos vimos ele se aproximando; caminhava perfeitamente! Totalmente curado!

Apresentei um ao outro e contei a ele da forma mais simples possível algo assim tão complexo - estamos juntos a menos de 1 mês e agora nos deparamos com nosso futuro... e nossa filha... a filha que ainda não tivemos....

Eles se estudaram por um tempo – tinham o mesmo jeito invocado e olhar desconfiado, selvagem. Eu estava maravilhada com a semelhança entre eles, embora Dylan não canse de dizer o quanto ela se parecia comigo... é verdade que tem os meus olhos, mas o olhar é o dele.

Ela foi designada por Johnny (ou ‘vovô’) para ser nosso guia até a cidade aérea, (pra onde certamente os robôs tinham levado o professor) – o que nos proporcionava algum tempo juntos. Apesar da preocupação com o professor, estava meio anestesiada com tanta informação e por outro lado contente com a idéia de conhecer melhor aquela menina - apesar de ser tudo tão repentino me sentia profundamente afeiçoada a ela – Dylan parecia ainda mais anestesiado do que eu e se mantinha em silêncio.
- Ela ainda nos estudava...

No caminho recebemos um convite por escrito, do ‘secretário de segurança’ (lê-se Gray); seríamos recebidos ‘lá em cima’ - E de fato fomos! Quando subimos (por uma espécie de elevador) nos deparamos com uma visão completamente diferente do mundo lá de baixo: era um tipo de ‘cidade modelo’, calma, organizada e limpa, surpreendendo até mesmo Ingrid e Julian, que pertenciam àquela realidade, mas nunca haviam estado ali.

Fomos levados – por Gray – até o professor, que estava bem e descansava sob a proteção do presidente Mason. Gray era o mesmo, havia envelhecido e abandonado a tecnocracia, de fato, mas mantinha o mesmo jeito de tecnocrata.
O menino Mason, ou melhor,dizendo, ‘o Sr. Presidente’, já não era nenhum menino – tinha cerca de 40 anos.
Era quase irreconhecível – falante, seguro, carismático; Ficamos ainda mais surpresos ao sabre sobre a primeira dama – Rachel – com quem tinha 1 filho.

Conversamos com ele e Gray sobre o porquê de nossa ‘inesperada visita’, ouvindo atentamente tudo que foi dito na esperança de descobrir qual fato culminou na guerra; qual passo precisaria mudar, mas não era assim tão simples...

Muitas coisas aconteceram, todas aparentemente significativas e relevantes para a guerra que se gerou. Parecia impossível destacar um fato como culminante – Tínhamos que analisar detalhadamente todo o caminho que levou ao caos, mas para isso precisávamos primeiro conhecer cada passo – e não seria num dia só.

Fomos hospedados pelo Gray, sob ordens do Mason, em uma casa ‘padrão’, estilo Bauhaus e com tecnologia tão moderna que parecia uma mistura de tecnocracia com algo que o professor faria – acabamos descobrindo que muitos das coisas que haviam na casa foram, de fato, projetadas pelo professor!

Havia 4 quartos: Dylan e eu ficamos com o quarto do térreo, Amanda e J’J no segundo andar e Julian e o professor ocuparam o quarto do sótão. Ainda restava 1 quarto no segundo andar com duas camas de solteiro e Ingrid se instalou nele, mas recusou a dividi-lo com Rider ou outroqualquer; tentei conversar com ela para resolver a situação mas acabei piorando tudo e como resultado ela deixou o quarto para Rider e acabou dormindo no tapete da sala – em sua forma animal...
O que me soou como algo que o Dylan faria.

Fiquei triste por não saber lidar com ela, por não conhecê-la, por não conseguir me aproximar, por nunca tê-la criado...
Por mais estranho e complicado que isso fosse para nós, para era ainda pior; era sua vida virando de ponta cabeça – de repente os pais que nunca passaram de lembranças turvas estavam ali, diante dela, pouco mais velhos do que ela, sem sequer fazer idéia de sua existência!
Eu não queria ser para ela a lembrança da mãe que nunca voltou e também não entendia como nós tivemos coragem de tomar a decisão e entrega-la a eles, por isso respeitava a magoa dela.

Minha cabeça pulsava, dava voltas e voltas sem chegar a lugar algum – num momento eu me perguntava como fomos tão inconseqüentes em trazer um bebê ao mundo naquelas circunstâncias (ela nasceu bem em meio à confusão) e pensava em não repetir o erro; logo em seguida me via apaixonada por ela e pela idéia de ter um filho com ele e achava que então seria melhor adiantar sua chegada para que não fosse tão pequena quando a confusão começar (caso não possamos impedir).
Pensava ainda em arrancar aquele colar fora, para que ela não fosse um deles e assim não pudéssemos entregá-la...

Dylan também estava confuso, mais sobre como lidar com ela – não pensava sobre ‘o que fazer, o que não fazer’, até por que na cabeça dele tudo parecia bem mais simples do que na minha: se ela existe é assim que deve ser!





Conversamos sobre isso e como sempre ele me fez sentir mais clama e segura – não só porque meu corpo encontrou o dele, mas porque ele me entende, me conhece e sabe como acalmar meu coração.
Dia 1

Passamos a primeira noite no esconderijo do Julian - uma peça dentro da tubulação subterrânea. As paredes eram cobertas por fotos ‘antigas’ – as memórias que ela conseguiu guardar (pouca coisa se salvou dos registros da capela) – fotos nossas de diversas épocas; Dylan e eu aparecíamos juntos em todas, o que nem me surpreende tanto, ao contrário de quando notei uma foto onde eu segurava um bebê(??)

Perguntei ao Julian de quem era e ele disse que era meu e do Dylan – disse que nós nunca nos separamos... na verdade acabou dizendo que inclusive morremos juntos.
Fiquei profundamente tocada pelo bebê – nosso bebê... meu bebê!
Nós tivemos um bebê!?! Isso significa que nós teremos um bebê?

E em breve pela época da foto...

Sei que parece exagero, mas nunca me imaginei de fato mãe e de repente vejo aquela foto... E percebo ainda, pela data,, que nós não criamos nosso filho/a... Julian não lembra se é menino ou menina e nem sabe se sobreviveu...
Não entendo essa estória de vir o futuro na tentativa de mudar as coisas para que essa realidade não aconteça. Só sei que é muito confuso E doloroso...

E que preciso urgentemente entender isso melhor!



















Seja qual for o tema o que te importa é sexo
Seja cabala, umbanda, herói ou desertor
Seja loucura, de verdade ou tenha nexo
Seja alegria, angústia, choro, encanto ou dor
Seja dançar no vento, areia ou tempestade
Seja no sonho seja no que despertou
É o perdão ao lobo que te abocanhou


Eu penso mais na tua pele e na tua língua
Do que na alma que teu olho me mostrou
É sem teu corpo que minha'alma fica à míngua
É no teu seio que conserto o que quebrou
E quando falo da tua luz assim, quem dera
Ela acendesse em mim o santo que não sou
Mas ilumina em meu olhar o olhar da fera
Que entre tuas pernas carne sã despedaçou


O que eu marquei na tua pele não se lava
Pode ser cheiro, hematoma ou cicatriz
É pelo sexo que meu sol te faz escrava
Que seja santa, cidadã ou meretriz


Se perguntarem pelo irmão não me aponte
Pra disfarçar escreva na chuva com giz
Que minha faca desfibrou seu horizonte
Rasgando a pele da paisagem por um triz
É a escolha entre ser calma e ser feliz


Sexo
Oswaldo Montenegro

Uma Capela – Uma Cabala – Uma Família
Porque Amigos são irmãos que a Vida colhe,
A Alma escolhe & o Coração Acolhe.

O que é meu irmão?
Eu sei o que te agrada
E o que te dói...
E o que te dói...
É preciso
Estar tranqüilo
Pra se olhar
Dentro do espelho
Refletir...
O que é? O que é?
Seja você quem for
Eu te conheço muito bem
Isso faz bem pra mim
Isso faz bem pra vida
Onde quer que vá
Eu vou estar também
É tão forte quanto
O vento quando sopra
É tão forte que
Não quebra não entorta
Podes crer! Podes crer!
Eu tô falando é de Amizade!
Agosto, 04 - Última página do Diário 2

Quando cheguei em casa (por volta das 15hs), tive a felicidade de me deparar com a Amanda, acordada, na cozinha com seu bebê, depois de passar 10 dias inconsciente! Fora uma ‘mecha sexy’ na frente do cabelo e uma certa eletricidade estática em suas mãos, ela está ótima! Era a primeira vez que ela via seu filho e parecia ainda anestesiada.
Fui subir para buscar o Dylan – tinha combinado de leva-lo pra tomar um solzinho no jardim, mas ele já vinha descendo as escadas sozinho, todo manco... não podia, mas... resolveu vir me surpreender na porta!

Estávamos todos na cozinha: Dylan e Eu, Isaac e a Aninha (que agora mora com ele), Professor Oliver, J’J, Amanda e o bebê Julian, quando alguém atravessou a porta da cozinha, como se estivesse chegando em casa – alguém que eu já vi antes, um mês atrás... alguém que todos conhecemos, embora de outra forma...

o Julian!
O mesmo jovem bonito, de óculos escuros que me procurou pedindo que salvássemos o Dylan na área 51.
O mesmo bebê que há 10 dias eu ajudei a trazer ao mundo e que agora descansava no colo de sua mãe...

Ele entrou na cozinha cumprimentando ‘mãe, pai’ e dizendo calmamente que precisava da nossa ajuda. Que veio nos buscar para ajeitar as coisas e impedir a guerra...
Nós ficamos tão perplexos que, ninguém conseguia falar coisa com coisa.
Eu olhava para o bebê e para o rapaz, para o rapaz e para o bebê, e não fazia sentido algum! Mas era fato – ele estava ali, vindo de uns 24 anos no futuro – pouco mais jovem do que nós e chamando Amanda e J’J de pais...
E por algum motivo dizia precisar de nossa ajuda.

De onde ele veio nós estamos mortos, todos nós, alguns há mais tempo, outros menos, mas todo o caos começou (ou vai começar?) em poucos anos - Quando um projeto da tecnocracia foi roubado e bombas foram liberadas em todas as bases tecnocratas espalhadas pelo mundo. Durante a guerra que se sucedeu Argos caiu.

Ele descreveu um pouco da sua realidade – vive sozinho em esgotos, se escondendo de robôs conhecidos como caçadores, que farejam os despertos.
Falou pouco, mas foi o suficiente para nos convencer a pegar as armas e segui-lo!
Ele nos deu relógios para que pudéssemos ‘viajar’ em segurança
(Detalhe: relógios confeccionados pelo professor – no futuro).
Até o Dylan – todo quebrado e meio perdido, ou vice-versa, se negou a ficar pra trás!

O Isaac ficou - recebeu o bebê Julian dos braços da Amanda. Mesmo sabendo que para ele o tempo que passaríamos fora correria em uma fração de segundos, foi muito doloroso para ela, ter que se despedir do filho que acabou de conhecer – mesmo que fosse para seguir na companhia dele próprio, porém maior... Confuso? E como!

Sai do hospital (embora só comece a trabalhar oficialmente no dia 05) e passei para falar com Chang e ver a obra da academia (que está indo ‘de vento em popa’) – fiz tudo o mais rápido possível, pois sei que Dylan fica nervoso quando demoro a chegar; o que é bastante compreensível (homem doente...) pra alguém confinado numa casa que não conhece, entre pessoas que não tem intimidade – até comprei um celular pra que ele possa me ligar quando estiver entediado naquele quarto (os livros e a TV já não dão conta) – o que não foi uma idéia muito sensata – agora ele me liga pra me ‘desconcentrar’ com o que planeja fazer quando eu chegar do trabalho... Ai...Ai...

Mas quando eu cheguei foi surpreendida pelo Alex, que me aguardava próximo à capela.
Estacionei a pretinha (agora ‘turbinada’ pelo Queixada – amigo do J’J) e fomos caminhar um pouco para conversar – O que já me deixou intrigada... Ele parecia diferente... Mais... gentil do que de costume. Me perguntou se eu aceitaria trazer um deles ao mundo, se houvesse uma chance.
Fui pega de surpresa – pelo que eu sei as características que fazem deles lupinos, são de origem genética e, até onde eu sei, eu não sou um deles, logo... Enquanto eu argumentava ele me pediu que segurasse uma pedrinha – notei que ela tinha outra cor quando segurada por ele - ele mostrou-se um tanto decepcionado com isto: significava que eu realmente não tinha o tal gene Garou

__É, não podia ser perfeito’ disse ele cabisbaixo
Fiquei tão surpresa com este comentário quanto pela proposta anterior (ele se interessa por mim?), mas fui discreta desta vez.

__E se houvesse uma chance, uma única chance de isso acontecer-tu aceitarias que teu filho fosse um de nós?’
Como assim? Deixa eu entender... (eu disse)

__Eu não to dizendo que tu vai ter que fazer um filho com um de nós, só quero saber como tu te sentiria se parisse um de nós.
Hm... tu queres dizer quando no futuro e com quem eu um decidir engravidar... Se mesmo assim meu filho pudesse ser um lupino? - ele assentiu com a cabeça
Eu me sentiria muito honrada!
Eu disse isso espontaneamente, tanto que na hora nem avaliei o significado daquela proposta... até por que nunca havia pensado seriamente ee ser mãe. Só fiquei muito feliz por ser vista como merecedora de tamanha honra e confiança por parte deles.
Ele me presenteou com um colar – quando pus no peito senti uma pontada forte no local onde a pedra encostou.

__Isso marca que tu tá disposta a nos fazer este grande favor e se isso acontecer nós seremos sempre gratos. Agora é só esperar que o milagre aconteça – disse ao se despedir.

Quando comentei com Dylan o ocorrido ele ficou enciumado – achou que o Alex me queria pra mãe de seus filhos, ficou resmungando e fazendo ameaças em vão (até por que, além de estar todo quebrado, ele não conhece O Alex pessoalmente), mas depois, quando percebeu como eu me sentia em relação a isso, acabou se acalmando.
O que acabou nos levando a falar sobre filhos (olha que loucura!) e aí percebi que, se é mesmo com ele que vou um dia ter filhos, ou ao menos fazer planos de filhos, deveria ter pedido sua opinião antes de aceitar uma proposta tão séria...
Ao menos ele não se incomodou com a idéia de talvez um dia ter um filho/a Garou – só com o ciúme bobo, mas eu já aprendi como amansar a fera... o que significa mais uma noite de tratamento irresistivelmente inapropriado. (desse jeito vão caçar meu diploma uma hora dessas, por conduta irresponsável - e eu nem posso negar)
27 Julho – 3 Agosto

As coisas andam relativamente calmas em Argos – o que é ótimo, já que ainda estamos tão desfalcados:
- Mestre Won se recupera de Vegas em Democritus End, o que, acredito, levará um longo tempo;
- Embora fisicamente saudável Amanda permanece inconsciente desde o paradoxo que sofreu durante o resgate de Maison e consequentemente desde o nascimento de Julian (que está ótimo e é a atual sensação da capela, especialmente entre as meninas – Rachel, Nikki e Scarllet – que se revezam como babás).
- Dylan – nosso mais recente membro – também permanece sofrendo os resquícios da área 51; do tipo não requer magia, mas sim paciência – algo que ele já está perdendo, ‘amarrado’ na cama – aliás, minha cama... o que ao menos lhe garante algumas regalias e tratamentos especiais...




Nunca imaginei que alguém pudesse mexer tanto assim comigo, com meus instintos... O que acontece entre nós é ‘mágico’, incrível, visceral... é como fogo: basta uma fagulha e o incêndio se faz! E mesmo com ele todo engessado – tento resistir por medo de machucá-lo, mas é sempre em vão... é como se meu corpo tivesse vontade própria - e tudo que quer é aquele homem: Dylan...
Quando me pego pensando nesse assunto, confesso que me assusto com a proporção que as coisas estão tomando, mas ele faz tudo parecer tão simples...

Diz que quando me viu pela primeira vez, quando me salvou daquele lobisomem, cerca de um ano atrás, ao me tirar da água sentiu o meu cheiro, mesmo toda ensopada, e me quis... diz que desde aquele momento não me tirou mais da cabeça, que sabia que eu era a ‘fêmea’ dele (e ele fala nestes termos)... só eu e mais ninguém...

Diz que, quando me reencontrou naquele deserto (onde nos salvamos mutuamente), sentiu novamente o meu cheiro – ‘o cheiro das frutas da grande árvore’ e quase enlouqueceu... E no momento em que me pegou nos braços, toda suja de sangue e terra, tocou minha pele, ouviu minha respiração e viu meus olhos pela primeira vez... Teve a certeza... De que eu sou dele e ele é meu.

Quando ele diz essas coisas – geralmente na cama, porque atualmente ele não pode sair de lá – eu me sinto tão feliz... A forma simples e segura dele encarar tudo isso deixa tudo tão claro - Tenho certeza de que sou dele, pois nunca fui verdadeiramente de mais ninguém – ele me acordou, me tomou e assim me tem: inteira, em suas mãos.

Eu me estou tão envolvida que sinto medo...
Medo do momento em que ele se recupere, ficando ‘livre para voar’...
Eu sei que não é da natureza dele ficar muito tempo parado – onde tiver perigo eminente e pequena chance de sobrevivência, lá estará ele!
A resposta que ele me dá é que antes não tinha pra onde voltar – que é 'pássaro de uma fêmea só' e que agora que me encontrou ‘sua fêmea’, encontrou um ‘ninho’...

E foi dessa forma que ‘concluímos’ morar junto assim que a obra da minha nova casa (em cima da Academia Nakazawa) ficar pronta – eu digo ‘concluímos’ e não ‘decidimos’ porque é assim mesmo que as coisas se dão entre nós: simples e rápidas – tão rápidas que eu preciso estudar como contar isso a minha família!
Há poucos dias dei as novas (não Michael – sim Dylan) e acredito que eles precisem de um tempo para assimilar a primeira novidade antes de receber a outra. Ainda nem pude lhes apresentar o ‘Gatão’, já que seu estado físico não permite "atividades fora da cama“ - Aliás, nem dentro dela, acontece que ele é um paciente muito teimoso E persuasivo... E talvez agora seja um paciente muito teimoso, persuasivo e com a bacia rachada. Precisamos de um raio X, com urgência!

Certa vez meu avô contou um antigo ditado que dizia mais ou menos assim:
"Toda estória que começa com o mocinho salvando a mocinha, acaba em final feliz: É casamento em 3 meses" Na época eu era adolescente e não prestei muita atenção...
Acho que preciso levar mais a sério os ditados do meu avô!

Data: 2002, 26 de Julho.

Usando as habilidades da Blink (adepta) e do Isaac, sabíamos qual a melhor via de entrada no local – o ‘Centro de Reabilitação para Jovens Delinqüentes’ – porém para Blink poder neutralizar as câmeras de segurança precisávamos estar lá dentro – uma breve queda de eletricidade proporcionada por um gato oportunamente na caixa de energia (‘coincidências’ de Isaac) nos deu este tempo. Entramos sob fogo cruzado e rapidamente acabamos com a segurança local – ao menos com a primeira leva deles.
Amanda destravou a primeira porta que nos deu acesso ao corredor das celas – onde estavam os meninos. Enquanto procurávamos uma maneira de destravar as portas, ouvíamos os sons vindos da batalha travada nos fundos do prédio – Michael e seus garotos já haviam chegado ao nosso reforço – Fomos surpreendidos por dois Ritmarcs e enquanto tentávamos destruí-los, Amanda caiu – o retorno da tentativa de usar magia. Corri a ela e percebi que entrará em trabalho de parto; havia fogo cruzado entre os robôs o professor, Isaac combatia de perto; entreguei Amanda nos braços de J’J e gritei para que ele corresse, tirasse ela dali que eu os alcançaria – e ele correu.

Fiquei com o coração dividido naquela decisão – Os robôs eram fortes adversários, difíceis de combater; ainda não havíamos encontrado o Mason e não imaginávamos o que poderia nos aguardar na próxima sala, mas eu sabia que se não fizesse algo rápido Amanda e o bebe poderiam morrer - ajudei Isaac a derrubar um deles e corri ao socorro de minha amiga – eu faria aquele parto como havia lhe garantido – e FIZ: Dentro do furgão, um mês de antecedência, sem estrutura ou equipamentos, apenas eu e J’J e toda aquela adrenalina de trazer o pequeno Julian ao mundo e manter a vida da minha amiga tão querida. Apesar de todo o caos, foi lindo...

Dirigi pra capela com tanta pressa que quase capotei o furgão! Precisava terminar os procedimentos médicos do parto e Amanda permanecia inconsciente... Algum tempo depois, quando ela e ‘meu afiliado’ já estavam devidamente cuidados (e nós mais calmos), chegou Isaac e o professor: todos os meninos estavam a salvo – inclusive o Mason! J’J saiu a distribuir charutos pela Capela – nem o Dylan se escapou!
E eu acabei a noite nos braços de meu ‘paciente predileto’, começando um tratamento nada convencional! Num dia que foi, sem dúvida, muito especial...



Chegamos! Home sweet Home...
Mental e fisicamente esgotados, feridos (alguns mais que outros), mas sem tempo para descansar – Mason havia sido seqüestrado há 2 dias – cada minuto era importante! Assim, mal descemos do ônibus e já começamos os preparativos para o resgate.

As crianças estavam aflitas – felizes e temerosas por nossa chegada – o medo era visível em seus rostos - para a maioria foi a primeira vez que sentiram o que é estar em perigo e pior ainda: ter um amigo em perigo. E eles o haviam perdido.
Nossa repreensão não era necessária... o sentimento falava por si.

Conversei com a Nikki, que estava emocionalmente muito abalada, ao ponto de ouvir calmamente minhas palavras... Falei sobretudo da importância de ser um grupo, de ser muitas vezes responsável pela vida de outros e da importância de poder confiar naquele que luta ao seu lado. Contei o que julgava apropriado sobre nossa missão em Vegas e do sacrifício de Mestre Won para proteger todos nós. Levei-a até sua maca – agora no quarto de Isaac, e desta vez ela havia entendido ‘de primeira’ tudo o que meu coração tentou lhe ensinar.

Dylan ficou acomodado em meu quarto – no caminho lhe perguntei sobre seus planos e ele disse que iria para onde eu fosse – Sendo assim, ele está em Argos!

Liguei para Michael pedindo que ele viesse com urgência para decidirmos o melhor para mestre Won. Ele veio – frio, tenso, usando uma ‘armadura’ para que eu nada percebesse de suas emoções. Já havíamos conversado sobre nós quando eu ainda estava em Vegas, atravéz do Santanna, com a ajuda do mestre Won. Agora não havia muito a ser dito – só importava o estado do nosso mestre – ele estava em coma e seu nome fazia parte da lista negra da tecnocracia.
Michael concordou com minhas decisões – Leva-lo a clínica do irmão da Amanda (neurologista renomado) para que ele, meu pai e eu fizéssemos os procedimentos cirúrgicos necessários. Depois disso o levaríamos à Democritus End, onde o próprio Sr. Democritus garantiria sua segurança durante sua, provavelmente longa, recuperação.
E foi isso que fizemos – Meu pai respeitou meu pedido não fazendo perguntas... ao menos por enquanto – mesmo durante a cirurgia (havia diversos furos das balas que eu removi, embora eu tenha dito aos Doutores que nós sofremos um desabamento (o que não é mentira).
A cirurgia levou 6 horas. Amanda e Michael assistiram pelo vidro. Ao final, recebi um aviso de meu pai: depois conversaríamos.
Amanda decidiu por apagar as memórias de seu irmão a respeito disso – eu respeito, mas não concordo, ao menos não para nossos aliados.O irmão dela desmaiou durante o processo e o outro irmão (padrinho de Julian) foi buscá-lo.

Quando voltamos à capela J’J, Isaac e o professor (que estava apavorado, porém determinado) já nos aguardavam com as informações e planos para resgatarmos Richard. E assim, com a ajuda da Blink, partimos em um furgão (outro automóvel conseguido pelo professor) para o resgate do menino Mason.


Nome: Richard Mason “Dr. Mason”
Idade: 20 anos
Tradição: Filhos do Éter
Mestre: Prof. Oliver
Caract: Inteligente, Criativo, Responsável, Tímido e Solitário.
Desperto desde: Dez/2001. Reside na Capela Argus.


Nos últimos dias de viagem ligamos para a capela em busca de notícias das crianças, e como se já não tivéssemos problemas suficientes para nos preocupar, fomos informados da enorme confusão em que eles se meteram tão logo Ryan e Scarlet se ‘uniram’ ao grupo...
Pelo que pudemos entender foi basicamente uma seqüência de ‘atitudes precipitadas’ – uma após a outra – que culminou na captura do Mason pelos tecnocratas.
Para começar, Rachel recebeu um pedido de ajuda através de uma boneca que encontrou no sótão da capela (eu nem sabia que ela podia se comunicar com o mundo espiritual) e seguindo o endereço encontrado junto à boneca (no carro da Amanda) eles chegaram às ruínas da floricultura de meu antigo mestre (informação que eles não têm), onde encontraram o espírito de uma moça para quem devolveram a boneca (até aí tudo bem) e em troca receberam uma mensagem que deveria ter sido entregue a mim.
A mensagem enviada por meu antigo mestre, Sr. Nakajo, e era a seguinte:

“A fênix aprisionou o Guia do Buda na toca da lobo”

No caminho de volta eles ‘coincidentemente’ passaram por uma boate chamada Toca do Lobo e a noite, munidos de carteiras de identidade falsas conseguidas pelo Ryan (como? Ele dizia nem conhecer NY!) e conduzidos novamente pelo carro da Amanda, eles forma investigar a tal boate, mas parece que o Maison foi impedido de entrar pelos seguranças (algo haver com sua aparência).
Sendo assim, eles deixaram o Mason de fora e entraram. Lá dentro eles “apenas” conversaram com um homem que sabia quem eles eram, mas não houve maiores problemas.
Na saída encontraram o Maison investigando um caminhão estranho e então eles resolveram entrar (como?) na ‘garagem fechada’ na parte inferior da boate – onde sua presença foi percebida e acabaram sendo perseguidos por homens armados.
Durante a fuga eles perderam o menino Mason.
Bem, é isso que nos espera assim que chegarmos – até lá Isaac e Helen tomam conta das crianças...


Os primeiros no ônibus momentos após a fuga foram desesperadores – Enquanto Amanda prestava os primeiros socorros ao professor e eu tentava desesperadamente manter Dylan vivo, mestre Won, que poucos instantes após entrar no ônibus e sentar em posição de lótus, buscando harmonizar seus chakras, ele simplesmente caiu inconsciente.

Eu corria entre ele e Dylan tentando mantê-los vivos, mas ambos eram casos críticos – usei tudo que pude de minhas capacidades mágicas, mas após algumas tentativas frustrantes percebi que seus corpos já não suportavam mais magia – só o que eu podia oferecer agora eram meus conhecimentos médicos e então me concentrei nisso – mantê-los vivos era tudo que importava – e com muito custo deu certo – nenhuma melhora significativa, mas ao menos haviam ‘parado de morrer’. Perto deles o professor não estava tão mal, mas seu estado carecia de cuidados intensos. Os três deviam estar na cti de um hospital, mas estavam dentro de um ônibus em alta velocidade no meio do deserto e assim permaneceriam por alguns dias.

Fiquei tão obcecada com os pacientes – meu amigo, meu mestre e meu... bem....Dylan – que nem percebi meus próprios ferimentos. Não fosse Amanda me obrigar a parar uns instantes e fazer os curativos, eu certamente não o teria feito – e foi preciso brigar por isso. E assim foi para tudo nos dias que se seguiram; eu não parava para comer e me recusava a dormir, embora algumas vezes o cansaço me pegasse desprevenida – os cochilos que tirava eram no pufe que J’J trouxera e colocara entre os pacientes.
Eles tentavam me persuadir - eu sabia que estavam preocupados, mas meus únicos pensamentos eram nos feridos...
Deles, o professor era o único consciente; tinha o estomago perfurado por um ferimento à bala, do qual só escapou garças a rapidez dos primeiros socorros prestados por Amanda; seu corpo estava cheio de escoriações.

Eu sabia que mestre Won estava no pior estado e não acordaria tão cedo... na verdade era um milagre ter sobrevivido e muitos de seus ferimentos pediam cirurgia. Precisava de soro e sonda assim que eu pudesse parar numa farmácia - me doía muito vê-lo assim e não poder ajudar mais; sabia que ele tinha recebido a maior parte do desabamento para proteger Dylan e que mesmo neste estado encontrou forças para voltar e segurar os inimigos enquanto saímos. Este é o Mestre Won e o que seria de nós sem ele?...

Eu estava ao lado de Dylan quando ele abriu os olhos – já se passavam uns dois dias e aquela foi a primeira vez que senti algum alívio desde que saímos de lá. Ele tinha a mão e uma perna quebrados em diversos lugares, muitos hematomas e eu suspeitava que sua bacia estivesse rachada, mas agora estava consciente, poderia se alimentar e isso aceleraria sua recuperação.



Durante o resto do percurso encontramos uma farmácia, possibilitando que mestre Won recebesse maiores cuidados; nos despedimos da equipe de apoio (Dantan conseguiu recuperar as informações da hd ); consegui acelerar a recuperação do professor com a massagem de alinhamento dos chakras. Passei os últimos dias da viagem um pouco mais calma – dava banho no Dylan e no professor, alimentava-os e não tirava o olho do Mestre Won. Dylan e o professor melhoraram ao ponto de voltar a implicar um com o outro – o que deixou a todos mais tranquilos – dava até para rir um pouco disso.

Por sorte Amanda passou bem e Julian se comportou bem, não nascendo durante a viagem – isto certamente tornaria as coisas ainda mais caóticas. Mais tarde descobrimos que ele – o bebê Julian ainda na barriga da Amanda – havia salvado-os do homem que os emboscou no momento do desabamento, fazendo com que o tempo ficasse mais ‘lento’ permitindo que Amanda pudesse simplesmente desviar o corpo da bala disparada contra ela e dando tempo para que J’J pudesse sacar e atirar contra o inimigo. Imagino então o que ele será capaz de fazer depois de nascido... Depois de adulto já é de mais pra minha cabeça – considerando que nos só partimos para esta viagem (encontrando Dylan) graças à visitinha que ele me fez...

Invadindo a Área 51

É muito difícil descrever os eventos decorridos durante a execução de nossa missão.
Por mais que se planeje e se julgue estar preparado para ‘tudo’, algumas vezes as coisas saem do controle – esta foi uma delas.

Entramos com facilidade no nível um, que nos conduzia aos demais níveis subterrâneos; facilidade em termos; Ms. Won precisou expor seu rosto para desligar o sistema de segurança da entrada e proteger todos nós; além disso, foi preciso derrubar 2 guardas que faziam a segurança da entrada e infelizmente só derrubar não seria o suficiente, não desta vez... Neste momento eu percebi que seria necessário ir além - pela primeira vez deixaria um rastro de morte em meu caminho – era inevitável, eu sabia, o que não diminuía o peso sobre meus ombros...
Pouco tempo depois, eu estava submersa no calor da batalha.

Quando a vida de um depende da atenção do outro não resta tempo para reflexões.

Ms. Won, Dylan e eu abríamos caminho travando a linha de combate, enquanto o professor, J’J e Amanda usavam as pistolas de C4 confeccionadas pelo professor para garantir nosso avanço, abrindo caminho através de portas e paredes – esta estratégia nos levaria o mais rápido possível ao laboratório no 4º nível, não fosse pelo momento em que a mente da Amanda foi dominada por alguém que lhe fazia apontar a pistola de C4 para o J’J, enquanto éramos encurralados por dois batalhões de soldados...
Tive sucesso entrando na mente dela e foi preciso que o professor fizesse um grande estrago com o C4 para nos tirar daquela situação.

Desta forma chegamos ao laboratório – claro que as explosões chamaram muita atenção e em pouco tempo os soldados se multiplicaram com direito a tanques e tudo mais.
Oliver, Amanda e eu entramos no laboratório para achar e destruir o vírus, enquanto os outros mantinham os guardas distantes.

Achamos!
O lote A do vírus 3723
Mas levamos algum tempo descobrindo como destruí-lo sem o arriscar liberá-lo. Havia uma fonte de entrada de O2 e uma vez cortada foi fácil. Quanto aos arquivos do computador não havia tempo, sendo assim o prof. levou toda a HD.


A saída do local foi tão complicada ou mais que a entrada
Havia muitas coisas estranhas naqueles corredores, todo tipo de experimento era feito ali, cobaias boiavam em tanqes transparentes, em animação suspensa, até mesmo alienígenas! E foi enquanto nos distraímos com algo do tipo, próximo ao trem de porcelana surgiu o momento mais crítico de todos:


Um tremendo desabamento separou o grupo
Amanda, J’J e o professor estavam mais a frente e por sorte não foram soterrados, ao contrário de nós; eu ainda tive tempo de me esquivar, salvando minha cabeça dos escombros, o que me manteve consciente, já Ms. Won e Dylan...
Não podia avistá-los e a dor não me deixava localizá-los mentalmente - eu já havia levado um tiro e agora minhas costelas estavam esmagadas.
J’J gritou por nós e soube que eles estavam bem, apesar do prof, ferido e desacordado por uma pedra.

Com muito custo me livrei dos escombros e enquanto procurava pelos outros ouvi Ms. Won em minha mente, pedindo que eu me protegesse – mal me encolhi e vi as pedras do amontoado que cobria seus corpos serem lançadas longe, enquanto meu Sifu saia dentre elas, trazendo Dylan nas costas – ele não estava nada bem, mas tudo que podíamos fazer naquele momento era buscar uma forma de sair o mais rápido possível daquele lugar.
Enquanto abríamos caminho entre as pedras que nos separavam em dois grupos, ouvimos um tiro, depois outro seguido pelo baque surdo de um corpo caindo logo do outro lado.
Por sorte, ao chegarmos lá, constatamos que o corpo era de um inimigo – o mesmo que havia tentado dominar a mente da Amanda momentos antes.

Enquanto nos preparávamos para partir, recebi de Ms. Won o corpo inerte de Dylan, enquanto ele me explicava que precisava voltar, levando consigo uma imensa quantidade de C4, para assim garantir nossa saída.
J’J carregava o professor e embora tenha insistido para trocar comigo, por nada deste mundo eu largaria Dylan – eu devia tantas vezes minha vida a ele... esse era o momento de retribuir (embora, no fundo, esse não fosse o único motivo fosse)

Ainda não sei de onde tirei forças para subir aquelas escadas íngremes carregando aquele homem enorme nas costas apesar de minhas costelas quebradas, mas desconfio que esta tenha sido minha primeira experiência com o Dô da terra – forma que tantas vezes Ms. Won me proporcionou observar e que naquele exato momento ele novamente punha em prática.

Logo após entráramos no ônibus Ms Won saiu correndo da base, deixando uma enorme explosão atrás de si.
Ninguém havia entendido o porquê dos tantos sacos de milho e da Polaroid que Lorde Fanny havia requisitado para a operação, mas quando saímos, nevava naquele ponto do deserto: literalmente!
A equipe de apoio estava a postos e assim que Ms. Won entrou no ônibus, partimos em alta velocidade. Naquele momento, tudo o que importava era correr...
... para qualquer lugar longe dali.


No dia que antecedeu o dia D decidimos unanimemente enviar as crianças – Ryan e Scarlet – de avião para NY , uma vez que não sabíamos como seria dali para frente mas concordávamos que eles estariam mais seguros desta forma.
Foi então que precisei ligar para Michael, pedindo que ele as recebesse no aeroporto e as conduzisse à capela – E foi só quando ouvi sua voz ao telefone que pude realmente sentir todo o peso do ‘inevitável’...
Mesmo antes vislumbrando o caminho por onde meus últimos passos me levariam, ouvir sua voz me fez não só lembrar, mas sentir a dor que minhas escolhas causariam em alguém tão importante para mim... Dor desonra e talvez até mesmo rancor...

Mesmo que ambos no fundo soubéssemos que mais cedo ou mais tarde trilharíamos caminhos distintos, não significa que soubéssemos como agir, quando o momento chegasse – e ele chegou, sob as minhas ações.
Temo afastá-lo definitivamente de minha vida, por tudo que Michael representa e sempre representará para mim, mas se assim for, vou compreender – por mais que ele se empenhe em esconder seus sentimentos, eu posso senti-los e sei que não são pequenos e por isso sei que a dor também não será.

Senti vergonha e tristeza – e com razão – nenhum julgamento pode ser pior do que aquele feito por nosso próprio coração - mas não me arrependo pelos erros que porventura cometi, ao abrir os olhos. Como posso me arrepender por atender ao chamado da felicidade, ao despertar de meus instintos primitivos, ao me entregar ao inevitável...
sei que as conseqüências virão a mim e sei que posso e preciso confrontá-las, mas se há algo do qual nunca me arrependerei é de enfim ter ouvir as borboletas...
Fazendo Contatos – Traçando o Plano



Embora a Cabala Luxor não soubesse nada mais do que nós sobre a área 51 - ou seja... praticamente nada ‘um lugar enorme sabe-se lá onde, no meio do deserto, que ninguém viu, mas todo mundo ouve falar... Eles nos ofereceram todo o suporte que precisássemos desde que não atraíssemos olhares para sua cabala – afinal esta é a cidade deles - depois que invadirmos e destruirmos a base vamos embora - eles continuarão aqui.

Cabala Luxor:
Malcon - Hermético (o responsável pelo Hotel – negro, bonito, elegante e agradável);
Butch Levy – Ordem de Hermes
Doc. Holly David – Eutanatos (mulher de meia idade, loura, séria);
Betty Diandra – Eutanatos (indiana, jovem, agradável);
Srta. Aurora – culto do êxtase (Srta ‘Seu desejo é uma ordem’ já foi descrita antes);
Halph Cannon – Filhos do Éter (não estava presente no jantar)


Outros contatos estabelecidos durante a investigação:
Sara – Verbena; contato do Dylan (índiana; coordenadas da entrada da área 51 no deserto);
Jerry Turner – Orador; contato do Dylan (índio – conhecedor do deserto);
Lord Fanny – Oradora (transexual, alta, simpática) – sugerida por Sr. Malcon;
Cidy Dantaw – Adepto – contato de Lord Fanny
David Arrington – editor do jornal ‘olho no mundo’(encontrado por mim ‘acidentalmente’) – recém desperto (possivelmente futuro Eterita) - informação sobre o vírus desenvolvido na área 51, chamado de ‘Carrasco’: ao que tudo indica o vírus está sendo desenvolvido em 5 áreas distintas, transportado através do ‘trem de porcelana’, que comunica estas áreas – uma vez unidas as partes, o vírus se torna ativo – disseminado pelo ar, o vírus infecta os despertos, causando a morte do Avatar.

Com estas informações em mãos e estabelecido o ‘grupo de apoio’, que nos auxiliará a entrar e sair do local (Lord Fanny, Cidy Dantaw, Jerry Turner e Sara), começamos as verdadeiras investigações.

O plano A
Consistia em capturar como refém um tecnocrata morador da base estabelecida na área 51 – sabíamos que era uma base grande, com diversas funções, porém, principalmente militar – ou seja, muito fortificada - Esperávamos desta forma descobrir a localização aproximada do laboratório, ou ao menos um jeito de ‘invadir’ o local da forma mais discreta possível.
Na noite do dia 16 fizemos uma visita à paisana - Amanda e J’J; Dylan e eu – à um dos cassinos administrados pela tecnocracia: o Estratosfera Tower.
Só percebemos um sujeito ‘alvo’, porém, Amanda e J’J também foram percebidos (o local parecia bem vigiado). Assim abortamos o plano.


O plano B - improvisado
Dois dias depois nossa cordial ‘visita à paisana’ foi retribuída - o sujeito que vigiávamos veio ao nosso hotel. Desta vez foi preciso uma atitude mais drástica:
Em um trabalho conjunto de Ms. Won, Amanda e eu, acabamos por descobrir de fonte confiável (visitando suas memórias) que o sujeito, chamado John Steve trabalhava para outro ‘maior’, chamado Stephens e que realmente havia percebido a presença de Amanda e J’J no cassino e os espionara no hotel para descobrir suas intenções – nada além disso. Sua memória foi alterada de forma que, qualquer suspeita sobre nossa presença em Vegas fosse acidentalmente ‘esquecida’.

No dia seguinte encontramos David Arrington, o editor do jornal que eu encontrarei na noite anterior e depois fomos averiguar a suposta localização da base, tudo da forma mais discreta possível:
Dirigimos até metade do caminho e esperamos no deserto enquanto Dylan se preparava – ou como ele mesmo disse ‘trocava de pele’ – para seguir sozinho; o que nos levou a presenciar algo incrível:
a transformação daquele homem nu de 1.90 m, em um corvo de não mais que 50 cm.

Foi uma das coisas mais incríveis que já vi em toda a minha vida – e me arrisco em dizer que isso também vale para os outros!
Ele demorou tanto que o grupo decidiu voltar e esperar no hotel – já que não tínhamos água, o calor era insuportável e nossa grávida estava indisposta (o qeu não era pra menos).
Assim que chegamos ao hotel despistei os outros, aluguei um carro e voltei mais ou menos ao ponto da estrada aonde o havíamos deixado – Não podia deixá-lo sozinho, nu, talvez até ferido...
Demorou algum tempo até que ele ‘o corvo’ retornasse. Ao voltar a sua pele habitual ele pareceu confuso, mas não estava ferido e trazia a localização exata de ‘porta de descida’ para a área 51 subterrânea!


Acreditei no fogo,
Aguardei o Ar,
Só não contei com a Terra.
Eu sou Água,
Posso aquecer-me com o Fogo,
Posso mover-me com o Ar
Mas sei que morro na Terra.

Assim como o orvalho da manhã
Como as gotas de chuva que caem do céu
E a neve no crepúsculo do inverno.
Eu te procuro, te toco, te conheço,
Tu me esperas, me acolhes; me completas.
Tu és meu corpo, eu sou teu sangue.
Por isso o cheiro de terra molhada,
É assim tão perfeito.

Estamos vivos quando estamos juntos,
Sinto o bater forte do coração,
Ouço a respiração ofegante,
O gosto de sangue, suor e saliva,
E já não distingo o que é meu ou teu.
Vejo a vida nascer e sei que ela é nossa.

Pshiiii silêncio – Pode ouvir?
Quando a chuva cai na Terra
O som que se ouve é o bater de asas
De milhares de borboleta,
Elas enchem o meu ser,
Cobrindo o céu dos pensamentos,
Formando nuvens, criando trovões:
A chuva está sempre pronta
Pra cair, se unir a Terra,
E despertar para a vida...




Louise Nakazawa
Mizume Ryu
みずめりう


Só percebi a necessidade de pensar no ‘dia seguinte’, quando já estava nele! Foi quando esperávamos o elevador – todos nós –e Dylan passou a mão nas pontas do meu cabelo; minha reação foi automática, um reflexo involuntário da coluna – resposta do meu corpo ao seu toque – E só aí percebi que os outros estavam lá... Olhei para Ms. Won e naquele momento lembrei de Michael e sabia que as coisas não seriam assim tão simples. No elevador Dylan parou logo atrás de mim – Eu pensava rápido ‘o que fazer? o que fazer?’ e ele, que não via problema algum, passava a mão pelas minhas costas e pousava a mão em minha cintura. Quando descemos, deixei os outros seguirem e discretamente segurei seu braço – precisava lhe contar algumas coisas – coisas estas que não poderiam esperar.
O professor fez um alarde quando nos viu para trás, mas para minha sorte, J’J e Amanda já haviam percebido o que acontecia e lhe levaram praticamente arrastado para o café da manhã, enquanto eu explicava a Dylan minha situação com Michael, que só seria realmente acabada quando voltássemos para NY, o que me deixava hoje constrangida perante aos outros, sobretudo Ms. Won - e dizendo isso eu já não tinha muitas esperanças conosco, mas para minha surpresa, ele me puxou para perto e perguntou ‘e eu devo me preocupara com isso?’ – ‘não sei, mas eu entendo se for um problema, só que eu não posso resolver isso agora e talvez seja constrangedor pra ti, eu vou entender e...’ antes que eu terminasse ele me levantou do chão e me beijou...
Fomos para a mesa – ele com o braço sobre mim - e depois de alguma confusão do professor, tudo ficou bem – especialmente após a conversa que tive mentalmente com Ms. Won, que me disse já esperar por isso – que havia até demorado muito pra acontecer e que, se eu estava feliz, não tinha de que me envergonhar. E disso eu tinha certeza – Eu estava feliz... e como estava!


Vestido 1 usado na primeira noite em Vegas: jantar no luxor, meu aniver de 27 e passeio no deserto com Dylan... Ou seja, vestido perdido!





Vestido 2 segunda noite em Vegas: jantar com a cabala local, investigação no cassino e noite com Dylan... Ou seja, outro vestido perdido!
As memórias daquela noite são tão vivas que, se pudesse pintá-las certamente seriam vermelhas!
Rodamos por um tempo conversando banalidades, trocando olhares e risinhos – me senti mais adolescente do que quando eu era uma! Até que chegamos ao deserto – eu não sabia o quanto a noite é fria no deserto; tiramos os sapatos e sentamos na beira da estrada, olhando as montanhas, o céu... o silencio era tão profundo que quase pude ouvir quando as borboletas chegaram... E elas vieram aos bandos...
Caminhamos descalços pela terra fria do deserto, até que chegamos a um tipo de ‘precipício’ e quando eu menos esperava o doido se atirou – simplesmente rolou barranco abaixo!Por um instante me assustei – desci correndo para levantá-lo do chão, mas ele estava bem. Rimos um pouco e eu o chamava de maluco quando pisei numa pedra e me desequilibrei - Aí ele me puxou – meu corpo junto ao seu; ouvia sua respiração pesada, seu cheiro forte, seu coração vibrando (ou seria o meu?)... Eu queria dizer alguma coisa, qualquer coisa, mas as palavras sumiram... Todos meus pensamentos estavam nele, todos meus sentidos só percebiam ele – tudo o que eu queria era aquele homem, de uma forma que nunca imaginei possível... Ele sentia o meu desejo tão claramente quanto eu pude sentir o seu... Era tudo tão forte, tão intenso... Sua mão forte segurando minha nuca, agarrando meu cabelo... Nada mais importava nada mais existia; só nós dois naquele deserto. De repente ele me puxou com força, sua boca na minha, beijava, mordia... Enquanto aquela mão na minha nuca rasgava meu vestido... E tudo explodiu... Acordando uma Louise que nem eu sabia existir, mas que o corpo dele conhecia tão bem...
Já amanhecia quando senti ‘os pés de volta ao chão’. Não havia restado muito para vestir – meu vestido era pedaços de seda vermelha, algumas no meu corpo, outras misturadas a terra, sangue e suor – Amarrei o que ainda restava e caminhamos de volta ao carro... em silêncio... Ele caminhava nu, com as roupas (o que restou) sobre o ombro. Quando chegamos ao carro de aluguel ele vestiu as calças e a camisa aberta – até porque não havia botões – e vendo minha ‘luta’ contra o vestido que mais mostrava do que cobria, ele riu e me alcançou seu paletó.
Eu sei que não devia, mas estava um tanto constrangida – ou talvez maravilhada, não sei definir, era tudo tão novo, mas de qualquer forma, não sabia bem o que dizer, então não disse nada – só olhava pra ele, não conseguia tirar os olhos dele... ‘agora eu que tô ficando tímido’ – ele disse – então conversamos um pouco, sem falar do que havia acontecido – até porque, nem se eu quisesse eu saberia explicar!
Quando chegamos no hotel, na porta do meu quarto ele perguntou se eu não ia lhe convidar pra entrar – na verdade ele disse algo do tipo ‘tá agora é a hora que tu me convida pra entrar’ – mas como estávamos com ‘crianças hospedes’, não foi assim que aconteceu! Nos beijamos e cada um foi pro seu quarto – Já era manhã e em breve nos encontraríamos de novo...
Mas na hora não pensei nisso. Nem sobre o dia seguinte, os outros, ou mesmo sobre nós. E se tudo tivesse acabado ali mesmo, já teria valido a pena...