Louise Nakazawa - Médica Psiquiatra ou Mizume Ryu - Akashayana - A Força do Dragão protetor da Sangha, com a leveza e adaptabilidade da água, por vezes suave como o orvalho, por outras fortes feito temporal. Seu coração feminino - parte japonês -timido e delicado, teima em mascarar o fogo que queima silenciosamente em seu inegável sangue italiano...

Agosto 04, 2002.

Foi como um piscar de olhos e estávamos de volta à cozinha da Capela.

Olhei ao redor e todos estavam lá... até mesmo Julian, embora ainda um pequeno bebê que aguardava nos braços de Isaac, todos - menos ela...

Senti como se uma imensa pedra esmagasse meu peito – corri para fora da cozinha, nem sei para onde, já que aquilo que eu procurava não estava lá...
Até que Dylan segurou meu braço, me puxando junto a ele.

-‘Pra onde tu tá correndo?’ (se eu soubesse teria respondido, mas só disse ‘dói...’)
‘Eu sei... mas a gente combinou que vai adiantar ela, lembra?’

Ainda bem que ele estava lá... É nele, na sua certeza e no seu Amor que venho encontrado o consolo..


...E focado meus sentimentos, tentando não me perder no tempo... na saudades...

Tivemos uma reunião onde repassamos a Isaac as informações que trouxemos – tomamos por prioridades a construção do Bunker e da casa nova para os novos aprendizes – que devem chegar muito em breve! Iniciaremos o quanto antes às aulas mistas e começaremos a preparar as pessoas próximas para saber a verdade. Isaac ficou responsável de repassar – gradualmente – as novidades para as crianças.

Liguei para minha mãe e marquei – para a mesma noite – o jantar que estávamos aguardando; Dylan estava saudável e queria apresentá-lo a eles antes de nos mudarmos para a casa nova. Também ansiava por encontrar minha família, especialmente minha mãe... Muitas coisas haviam mudado dentro de mim – ela merecia saber!

Quando chegamos, ela veio nos receber; ao ver Dylan ela comentou:
‘Ah, agora eu entendo o sorriso no rosto da minha filha!’.

Quando a abracei, foi de uma forma... ‘maior’, mais intensa que o normal. Havia mais carinho, como num reencontro; ela não entendeu, mas ficou feliz.
Chang e Shosi já estavam lá e, assim como meu pai, embora estudassem atentamente os gestos deDylan, o faziam muito discretamente – ai chegou o Bartollo e toda sua indiscrição:

- Ué, quem é esse?
- Esse é o Dylan, meu namorado!
- Mas ele era diferente; e o nome não era esse!
Dylan não pareceu se chatear – talvez eu tenha lhe preparado para coisa pior – e respondeu bem humorado:
- É porque 'aquele' não era eu, eu sou outro!

(Enfim) percebendo o que estava acontecendo, Bartollo olhou pra mim, um tanto desapontado:

- ‘Como assim? Tu trocou de namorado e nem me avisou?’

-‘Eu já tinha te dito isso sim, Bartollo, há quase um mês! Aliás, todo mundo já sabia; inclusive esse jantar é pra vocês se conhecerem!’

-’Eu só espero que tu pares de mudar de namorado!’ e olhou meio ameaçador para Dylan, que estava sentado no sofá; ele respondeu:
-‘Não, ela não vai mais trocar, pode ficar tranqüilo!’.
Eu sorri.

O jantar foi agradável; eu temia que Dylan se sentisse deslocado, mas ele parecia tranqüilo – não foi surpresa nenhuma que minha mãe tenha simpatizado com ele logo de cara, mas até meu pai parecia satisfeito – notei seu sorriso de aprovação, quando perguntou a Dylan porque ele estava se mudando pra cá e ele respondeu:
- Por causa dela.

Eu não tinha planejado contar a eles que moraríamos juntos, mas o clima estava tão favorável que acabei contando. Minha mãe ficou feliz (disse algo do tipo
‘Que ótimo! até que enfim essa menina tá libertando sua sexualidade!’
Bartollo ignorou totalmente a informação;
Chang e Shosi pareceram surpresos e
Meu pai só perguntou se nós estávamos certos disto - minha resposta foi
‘–Eu nunca tive tanta certeza!’
Dylan concordou com segurança e meu pai pareceu satisfeito.

Mais tarde, quando estávamos na cozinha, apenas minha mãe e eu, perguntei da onde ela tirou forças para me entregar ao meu pai, tão pequena... e depois para todo ano ficar tão pouco tempo comigo sabendo que teria de se despedir novamente.
Ela ficou surpresa com a pergunta - nós nunca havíamos tocado neste assunto - mas respondeu:
- Do amor que eu tenho por ti! Era difícil, toda vez eu sofria, mas sabia que fazia aquilo pro teu bem.
– Eu sei que é meio tarde mãe, mas agora eu te entendo...

Izabela Belluti -minha mãe
Nos abraçamos e choramos – como boas italianas que somos – e nunca me senti tão próxima dela qto agora!


Ao sair de lá, levei Dylan até a academia para ver como andava a obra – eu estava ansiosa para lhe mostrar nosso futuro lar, ou como ele costuma dizer ‘nosso ninho’. A obra ainda não acabou, mas o quarto estava quase pronto – ele montou a cama, eu enchi a banheira... e acabamos passando nossa primeira noite lá
– no nosso Ninho.